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POBREZA SULINA
O Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro que obteve a melhor pontuação no ranking de qualidade de vida
do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), divulgado no ano passado. Segundo a
ONU, é considerado um Estado de
"alto desenvolvimento humano".
No entanto, como mostrou esta Folha, a porção sul de seu território perde indústrias e população, assiste ao
declínio de sua economia tradicional,
empobrece. A decadência da região
arranha um pouco a imagem de Estado onde é menor o nível de desigualdade socioeconômica.
Mas não é apenas a idéia de Estado
igualitário que é em certa medida afetada (pois o Rio Grande do Sul tem
de fato melhores indicadores sociais). Também o conceito de que
existem regiões brasileiras homogeneamente pobres ou ricas é, mais
uma vez, jogado por terra. Nesses termos, o debate é mal-informado e pleno de idéias pré-concebidas.
Considere-se, por exemplo, o Estado de São Paulo. O mais industrializado e o responsável pela produção
de grande parte da riqueza nacional.
Troquem-se as lentes para enxergar o
Vale do Ribeira, região paulista mais
pobre, em que se encontram cidades
como Barra do Turvo, onde, de cada
dez pessoas, três vivem em situação
de indigência, segundo pesquisa do
Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), do governo federal.
O mesmo raciocínio valeria para a
comparação entre o Estado de Minas
Gerais como um todo e o Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais
miseráveis do Brasil.
Desse ponto de vista mais próximo
da realidade social, dilui-se uma suposta oposição absoluta, radical, entre macrorregiões brasileiras, como
seria o caso entre o Nordeste e o Sudeste ou entre o Norte e o Sul.
É com as lentes ajustadas para mais
perto que é preciso formular políticas
de desenvolvimento regional no país.
Para combater as desigualdades, de
pouco adianta enxergar uma nação
cindida. É mais frutífero considerar o
Brasil como um só e injusto país.
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