São Paulo, quarta-feira, 31 de outubro de 2001

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PAINEL DO LEITOR

Oriente e Ocidente
"Observo a existência de um certo discurso, marcadamente demagógico, que tenta sempre atribuir ao Ocidente a responsabilidade pela pobreza no Oriente Médio. Mas por que ninguém cobra dos bilionários governos da região, montados em montanhas de petrodólares, uma melhor distribuição de renda entre as suas populações? Por que ninguém critica Bin Laden, que, em vez de usar sua riqueza para montar uma rede terrorista, poderia ajudar seu povo ou outros povos com investimentos sociais? E os governantes corruptos como os do Taleban, que lançam mão do comércio do ópio para financiar seu regime supostamente rigoroso em termos religiosos? Já está na hora de o Ocidente parar de se autoflagelar e começar a cobrar desses governos e dessas sociedades a solução dos seus próprios males."
Everton Jobim (Rio de Janeiro, RJ)

UNE
"Lamentável o editorial "Os Talebans da UNE" (Opinião, pág. A2, 30/10). Quem demonstrou desapreço pelas instituições democráticas foi o reitor Vilhena, que, num gesto absolutamente autoritário, manteve a data do vestibular da UFRJ, à revelia de estudantes, professores, secundaristas e do próprio conselho de graduação da universidade. Esta Folha, que tantos serviços já prestou à sociedade brasileira, cada dia mais mostra que há muito está ao lado das poderosas elites brasileiras, por meio de um jornalismo, esse sim, muitas vezes pífio e incompetente, já que prefere julgar os fatos tendo apenas um dos lados como referência."
Alessandra Terribili (São Paulo, SP)

"Os comentário feitos no editorial "Os Talebans da UNE" dizem muito da triste imagem que hoje possui a União Nacional dos Estudantes. Sendo universitário, não a vejo como uma entidade que represente os estudantes. Ela associa sua imagem a baderna e vandalismo. Isso ocorre porque a UNE se tornou reduto de um inexpressivo partido político radical, caracterizado por manifestações irracionais, como o lamentável episódio do vestibular carioca ou o ato antiglobalização ocorrido na av. Paulista. Triste é ver que essas manifestações são financiadas com o dinheiro pago por nós pela emissão de carteirinhas. A UNE deve se afastar de ideologias políticas e se concentrar em sua função primordial: zelar pelos direitos estudantis adquiridos e facilitar o acesso à educação dos mais necessitados."
Gabriel Silvestre de Campos Salles (São Paulo, SP)

Drogas
"Parabenizo o psiquiatra Ronaldo Laranjeira pelo excelente artigo publicado nesta Folha, com o título "O controle social e politico do álcool" ("Tendências/Debates, pág. A3, 28/10). Se apenas mencionássemos os milhões de jovens brasileiros suscetíveis ao alcoolismo que estão passando suas horas de lazer consumindo, entre outras drogas, o álcool, já poderíamos detectar uma verdadeira tragédia nacional. Tragédia essa que se alastra sob as vistas grossas do governo e da sociedade civil, estimulada por diversos agentes, entre os quais a mídia eletrônica e as empresas de publicidade. É hora de enfrentar o problema, com coragem e sem hipocrisia, pois, só para começo de conversa, sabemos que com menos de R$ 5 qualquer brasileiro pode ficar embriagado. E que milhões de litros de cachaça e cerveja são consumidos diariamente neste país."
Daniel Taubkin (São Paulo, SP)

Mau gosto
"Na edição do último dia 19, a colunista Barbara Gancia, querendo ser engraçada, escreveu texto de profundo mau gosto sobre a questão ambiental em Cubatão, cidade que tenho a honra de administrar ("Carta com pó branco só pode ser encomenda do morro", Cotidiano, pág. C2). Reconhecemos que, durante muitos anos, o descontrolado desenvolvimento de nosso parque industrial contribuiu para que fôssemos uma das cidades mais poluídas do mundo. No auge da crise ambiental, em meados da década de 70, tínhamos 320 fontes de poluição da água, mar e solo e despejo de 64 toneladas de poluentes por dia nos mangues. Esses índices foram reduzidos a menos de 5% no início da década de 90, graças a um esforço que envolveu órgãos públicos, indústrias e a comunidade. Em dez anos, investiu-se cerca de R$ 1 bilhão em equipamentos e obras antipoluição. Durante a Eco-92, a ONU concedeu a Cubatão o título de "Cidade símbolo de recuperação ambiental". Hoje, os níveis locais de poluição ambiental não têm nada de alarmante, sendo iguais aos de qualquer núcleo urbano médio, apesar de termos, em nosso território, o maior parque siderúrgico-petroquímico da América Latina. Justifica-se, assim, nossa indignação quando lemos, principalmente em um jornal de grande circulação e prestígio como a Folha, textos como o de Barbara Gancia, que apenas contribuem para alimentar conceitos injustos e preconceituosos sobre nossa cidade."
Clermont Silveira Castor, prefeito do Município de Cubatão (Cubatão, SP)

Capitão Rohrer
"Cumprimento a Folha e o prof. Antonio Carlos Caruso Ronca pela publicação do artigo "Direito de Defesa" ("Tendências/ Debates", pág. A3, 30/10), em que fica clara a oposição desse jornal e da PUC ao lamentável episódio envolvendo a atividade acadêmica do aluno Francisco Rohrer, capitão da PM. A atitude dos trogloditas que atacaram Rohrer é totalmente descabida, sob qualquer ângulo que o assunto seja abordado, e deve merecer o repúdio de todos, especialmente se considerarmos que, num momento em que tantos policiais utilizam seus momentos de folga na busca de atividade remunerada, objeto de frequentes críticas, o capitão Rohrer busca o seu aperfeiçoamento intelectual voltado para o interesse maior de sua atividade profissional."
Nilton Divino D'addio, presidente da Associação Fundo de Auxílio Mútuo dos Policiais Militares (São Paulo, SP)

Valores
"Brilhante a coluna escrita por Antonio Ermírio de Moraes, publicada no domingo ("Paulo 2002: um exemplo para nossos dias", pág. A2, 28/10), mostrando como mudaram os valores nesses últimos anos. Ensinaram-me que honestidade é obrigação e, hoje, pelo que percebo, honestidade passou para o rol das qualidades. O Brasil só iniciará o caminho da seriedade quando a honestidade voltar a ser obrigação."
Adriano Abrahão (Monte Alto, SP)


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