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PAINEL DO LEITOR
Salvador da pátria
"Os resultados da última eleição foram
indubitavelmente um ganho para a democracia no Brasil. Pela primeira vez,
num país onde a tradição autoritária ainda é maior que a democrática, um metalúrgico chegou à Presidência da República.
No entanto a maneira como se está
olhando para essa conquista mostra que
a tradição sebastianista ainda possui raízes fortes no Brasil. Muitos estão enxergando o presidente eleito como um salvador da pátria, o que revela o hábito
brasileiro de mitificar certos líderes.
Um exemplo disso foi o fato de os nomes de Vargas e de Kubitschek estarem
presentes nos discursos políticos até os
dias atuais. A glorificação de personalidades certamente ainda se constitui num
empecilho para que a democracia se
consolide neste país."
Pedro Gustavo Aubert (São Paulo, SP)
Lembrança
"Embora vencedor das eleições, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva teve cerca de 46% do total de votos possíveis. Assim, em que pese ter obtido cerca
de 61% dos votos válidos, a maior parte
das pessoas aptas a votar não o escolheu
para representá-las. Dessa forma, além
de governar para os eleitores que o escolheram deverá conquistar a confiança de
54% dos eleitores que nele não votaram.
Fica aqui a lembrança."
Alexandre Aleixo Pereira (São Paulo, SP)
Adendos
"Gostaria de fazer dois adendos ao primoroso artigo do sr. Luís Nassif publicado em 27/10 a respeito de estadistas ("O
estadista do Brasil", Dinheiro, pág. B4).
1) Parte do mérito de Castello Branco deveu-se à dupla Roberto Campos/Otávio
Bulhões. 2) Castello Branco enfrentou
no seu governo a oposição de Carlos Lacerda, de Adhemar de Barros e de Magalhães Pinto. Quem se lembra desses três
políticos sabe o que é oposição."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)
Masturbação
"Gostaria de dizer aos leitores Meta
Van Hien ("Painel do Leitor", 27/10) e Antônio Luiz Amadesi (29/10) que, se tivessem prestado atenção aos meus comentários, verificariam que minhas criticas
não se referiram à validade do tema nem
ao conteúdo pedagógico do assunto referido, mas, sim, à maneira como foi exposto no jornal e à forma como foi ilustrado.
Ao sr. Van Hien tenho a dizer que a minha dúvida ainda permanece: devo sair
correndo à frente de meu filho para verificar se o Folhateen pode ou não ser lido
por ele?
Ao sr. Amadesi respondo que sim,
meu filho sabe exatamente a que se refere o termo masturbação e outros assuntos referentes à sexualidade humana.
Minhas críticas foram duras em relação
às ilustrações do artigo. Considero que,
para essa faixa etária, o assunto deve ser
abordado com o maior cuidado possível, principalmente para não causar danos que virão à tona mais tarde.
Como eu disse, acho que a informação
é válida, mas tenho o direito de escolher
de que forma ela vai chegar à cabecinha
de meu filho."
Rita de Cássia P. de Magalhães
(Osvaldo Cruz, SP)
Pesquisa
"A propósito de reportagem Fapesp
vai restringir verba para pesquisa" (Ciência, pág. A10, 29/10), cabe-me prestar alguns esclarecimentos -de ordem meramente fatual.
Em primeiro lugar, lê-se no texto que o
prof. Crodowaldo Pavan considera "um
erro" que o Conselho Superior da Fapesp
inclua "membros permanentes". O Conselho Superior da Fapesp não inclui
membros permanentes -ele é formado
por 12 conselheiros com mandato de seis
anos. Seis desses conselheiros são de livre escolha do governador do Estado. Os
demais são indicados por ele a partir de
listas tríplices elaboradas pelas universidades e pelas instituições paulistas de
pesquisa.
Em segundo lugar, lê-se que um pesquisador não identificado se teria queixado do fato de que um projeto seu de
pesquisa, reconhecido como excelente,
não teria sido financiado por razões burocráticas. Reafirmo que a política da
Fapesp é financiar, da maneira definida
por suas normas, todo projeto de pesquisa cuja excelência científica tenha sido irrestritamente atestada pelos especialistas encarregados de sua avaliação,
na qualidade de assessores "ad hoc", sem
nenhum vínculo permanente com a Fapesp. É claro que erros podem ser cometidos, seja na definição do mérito científico dos pedidos de financiamento, seja
na aferição de seu enquadramento nas
normas da Fapesp. É por isso que são
previstos mecanismos rotineiros de revisão das decisões negativas tomadas
pela Fapesp, cuja aplicação frequentemente redunda na retificação das decisões iniciais. Entende-se que a existência
desses mecanismos seja condição essencial para que os processos de avaliação se
revistam do mais alto grau possível de
objetividade e transparência."
José Fernando Perez, diretor científico
da Fapesp (São Paulo, SP)
Globopar
"A Globopar esclarece que não recebeu
empréstimo de R$ 30 milhões do
BNDES, conforme publicado na reportagem "BNDES não deve emprestar mais
dinheiro à Globopar, indica Lula" (Brasil,
pág. A12, 30/10).
O BNDES, na qualidade de acionista
da NET Serviços, ex-Globo Cabo, participou do aumento de capital da empresa
realizado em agosto passado, assim como o fizeram a Globopar e outros acionistas da empresa."
Ronnie Moreira, presidente da Globopar
(Rio de Janeiro, RJ)
Desnutrição ou fome
"A discussão sobre se os brasileiros
mais pobres sofrem de fome ou de subnutrição não afeta nem a necessidade
nem a urgência de que o problema deve
ser enfrentado. Subnutrição é, segundo a
OMS, o primeiro dos dez mais importantes riscos para a saúde -implicando
mortalidade no mundo inteiro.
Obviamente, uma questão que envolve
a expectativa de vida de dezenas de milhões de brasileiros precisa ser administrada com muita eficiência, e isso implica
necessariamente integrar as ações promovidas por diversas esferas de governo
(municipal, estadual e federal) e pelas
ONGs que se propõem a auxiliar na
questão. Em vez de um distribuir leite,
um outro distribuir pão, um terceiro dar
cupons e um quarto dar dinheiro, tudo
por meio de programas desconexos, por
que não adotar o modelo e a estrutura do
Sistema Único de Saúde para tratar da
subnutrição?
A mesma base cadastral poderia ser
utilizada e poderia seguir-se uma abordagem de distribuição dos benefícios baseada num acompanhamento médico
capaz de perceber até mesmo desnutrições específicas, como a falta de ferro.
Quem estaria mais habilitado do que
os médicos do SUS para detectar a existência de subnutrição em seus pacientes
e recomendar a inclusão de beneficiários
no sistema? Quem melhor do que os médicos do SUS para acompanhar e fiscalizar se o benefício está sendo utilizado de
forma adequada?"
Jorge A. Nurkin (São Paulo, SP)
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