São Paulo, quinta-feira, 31 de outubro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Salvador da pátria
"Os resultados da última eleição foram indubitavelmente um ganho para a democracia no Brasil. Pela primeira vez, num país onde a tradição autoritária ainda é maior que a democrática, um metalúrgico chegou à Presidência da República.
No entanto a maneira como se está olhando para essa conquista mostra que a tradição sebastianista ainda possui raízes fortes no Brasil. Muitos estão enxergando o presidente eleito como um salvador da pátria, o que revela o hábito brasileiro de mitificar certos líderes.
Um exemplo disso foi o fato de os nomes de Vargas e de Kubitschek estarem presentes nos discursos políticos até os dias atuais. A glorificação de personalidades certamente ainda se constitui num empecilho para que a democracia se consolide neste país."
Pedro Gustavo Aubert (São Paulo, SP)


Lembrança
"Embora vencedor das eleições, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva teve cerca de 46% do total de votos possíveis. Assim, em que pese ter obtido cerca de 61% dos votos válidos, a maior parte das pessoas aptas a votar não o escolheu para representá-las. Dessa forma, além de governar para os eleitores que o escolheram deverá conquistar a confiança de 54% dos eleitores que nele não votaram.
Fica aqui a lembrança."
Alexandre Aleixo Pereira (São Paulo, SP)


Adendos
"Gostaria de fazer dois adendos ao primoroso artigo do sr. Luís Nassif publicado em 27/10 a respeito de estadistas ("O estadista do Brasil", Dinheiro, pág. B4).
1) Parte do mérito de Castello Branco deveu-se à dupla Roberto Campos/Otávio Bulhões. 2) Castello Branco enfrentou no seu governo a oposição de Carlos Lacerda, de Adhemar de Barros e de Magalhães Pinto. Quem se lembra desses três políticos sabe o que é oposição."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)


Masturbação
"Gostaria de dizer aos leitores Meta Van Hien ("Painel do Leitor", 27/10) e Antônio Luiz Amadesi (29/10) que, se tivessem prestado atenção aos meus comentários, verificariam que minhas criticas não se referiram à validade do tema nem ao conteúdo pedagógico do assunto referido, mas, sim, à maneira como foi exposto no jornal e à forma como foi ilustrado.
Ao sr. Van Hien tenho a dizer que a minha dúvida ainda permanece: devo sair correndo à frente de meu filho para verificar se o Folhateen pode ou não ser lido por ele?
Ao sr. Amadesi respondo que sim, meu filho sabe exatamente a que se refere o termo masturbação e outros assuntos referentes à sexualidade humana.
Minhas críticas foram duras em relação às ilustrações do artigo. Considero que, para essa faixa etária, o assunto deve ser abordado com o maior cuidado possível, principalmente para não causar danos que virão à tona mais tarde.
Como eu disse, acho que a informação é válida, mas tenho o direito de escolher de que forma ela vai chegar à cabecinha de meu filho."
Rita de Cássia P. de Magalhães (Osvaldo Cruz, SP)


Pesquisa
"A propósito de reportagem Fapesp vai restringir verba para pesquisa" (Ciência, pág. A10, 29/10), cabe-me prestar alguns esclarecimentos -de ordem meramente fatual.
Em primeiro lugar, lê-se no texto que o prof. Crodowaldo Pavan considera "um erro" que o Conselho Superior da Fapesp inclua "membros permanentes". O Conselho Superior da Fapesp não inclui membros permanentes -ele é formado por 12 conselheiros com mandato de seis anos. Seis desses conselheiros são de livre escolha do governador do Estado. Os demais são indicados por ele a partir de listas tríplices elaboradas pelas universidades e pelas instituições paulistas de pesquisa.
Em segundo lugar, lê-se que um pesquisador não identificado se teria queixado do fato de que um projeto seu de pesquisa, reconhecido como excelente, não teria sido financiado por razões burocráticas. Reafirmo que a política da Fapesp é financiar, da maneira definida por suas normas, todo projeto de pesquisa cuja excelência científica tenha sido irrestritamente atestada pelos especialistas encarregados de sua avaliação, na qualidade de assessores "ad hoc", sem nenhum vínculo permanente com a Fapesp. É claro que erros podem ser cometidos, seja na definição do mérito científico dos pedidos de financiamento, seja na aferição de seu enquadramento nas normas da Fapesp. É por isso que são previstos mecanismos rotineiros de revisão das decisões negativas tomadas pela Fapesp, cuja aplicação frequentemente redunda na retificação das decisões iniciais. Entende-se que a existência desses mecanismos seja condição essencial para que os processos de avaliação se revistam do mais alto grau possível de objetividade e transparência."
José Fernando Perez, diretor científico da Fapesp (São Paulo, SP)


Globopar
"A Globopar esclarece que não recebeu empréstimo de R$ 30 milhões do BNDES, conforme publicado na reportagem "BNDES não deve emprestar mais dinheiro à Globopar, indica Lula" (Brasil, pág. A12, 30/10).
O BNDES, na qualidade de acionista da NET Serviços, ex-Globo Cabo, participou do aumento de capital da empresa realizado em agosto passado, assim como o fizeram a Globopar e outros acionistas da empresa."
Ronnie Moreira, presidente da Globopar (Rio de Janeiro, RJ)


Desnutrição ou fome
"A discussão sobre se os brasileiros mais pobres sofrem de fome ou de subnutrição não afeta nem a necessidade nem a urgência de que o problema deve ser enfrentado. Subnutrição é, segundo a OMS, o primeiro dos dez mais importantes riscos para a saúde -implicando mortalidade no mundo inteiro.
Obviamente, uma questão que envolve a expectativa de vida de dezenas de milhões de brasileiros precisa ser administrada com muita eficiência, e isso implica necessariamente integrar as ações promovidas por diversas esferas de governo (municipal, estadual e federal) e pelas ONGs que se propõem a auxiliar na questão. Em vez de um distribuir leite, um outro distribuir pão, um terceiro dar cupons e um quarto dar dinheiro, tudo por meio de programas desconexos, por que não adotar o modelo e a estrutura do Sistema Único de Saúde para tratar da subnutrição?
A mesma base cadastral poderia ser utilizada e poderia seguir-se uma abordagem de distribuição dos benefícios baseada num acompanhamento médico capaz de perceber até mesmo desnutrições específicas, como a falta de ferro.
Quem estaria mais habilitado do que os médicos do SUS para detectar a existência de subnutrição em seus pacientes e recomendar a inclusão de beneficiários no sistema? Quem melhor do que os médicos do SUS para acompanhar e fiscalizar se o benefício está sendo utilizado de forma adequada?"
Jorge A. Nurkin (São Paulo, SP)



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