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COMPROMISSO COM A CIDADE
Hoje, os paulistanos comparecem às urnas para escolher
quem estará à frente da prefeitura
nos próximos quatro anos. A prefeita
Marta Suplicy, que postula a reeleição, considera que melhorou as condições do município ao longo de seu
mandato. Não se pode negar que a
candidata petista herdou uma cidade
em situação crítica, depois da desastrosa gestão de Celso Pitta.
Não foram poucas as esperanças
então depositadas em Marta, embora não se imaginasse que resultados
mais significativos pudessem aparecer de pronto. De fato, por necessidade ou ardil político -possivelmente ambos-, a prefeita veio a
concentrar suas principais realizações no período final do mandato,
repetindo uma estratégia consagrada pelo ex-rival Paulo Maluf.
Foi assim que, depois de uma fase
inicial em que se procurou ordenar
minimamente as finanças municipais, a prefeitura entregou-se a obras
de grande visibilidade e à implantação de medidas de impacto, notadamente para as camadas de baixa renda, como os Centros Educacionais
Unificados (CEUs), os novos corredores de ônibus e o Bilhete Único.
Esse leque de realizações, que se
constituiu no principal patrimônio
eleitoral da prefeita, foi acompanhado de uma ampliação dos programas de renda mínima, em parceria
com o Estado e o governo federal, e
de um sensível aumento do número
de atendidos pelo sistema de assistência social, que mais do que dobrou nos últimos quatro anos, contribuindo para fortalecer a popularidade da gestão petista entre os segmentos de menor renda.
Esta Folha manifestou-se favoravelmente aos CEUs, embora considere que essas unidades, bastante
custosas, deveriam ser vistas principalmente como centros comunitários de lazer e atividades culturais capazes de contribuir para a inclusão
social nas regiões mais pobres de
São Paulo. Os CEUs, porém, dragaram recursos que poderiam ter sido
aplicados na elevação da qualidade
das demais escolas e do ensino municipal. É difícil estabelecer com clareza se a relação custo-benefício de
canalizar as verbas para a rede de ensino tradicional teria sido mais vantajosa do que o impacto gerado nas
periferias pela criação desses centros
de referência.
Em relação ao transporte, a gestão
de Marta teve o mérito de investir na
qualidade do sistema de ônibus, que
ganhou eficiência e rapidez com os
chamados Passa-Rápido. Além disso, o Bilhete Único representou uma
melhoria palpável para os usuários,
especialmente os mais carentes.
Subsistem, porém, incertezas sobre
a evolução do sistema, pois não está
descartada a possibilidade de ele vir a
exigir mais subsídios públicos e
acarretar aumentos de tarifas.
Os acertos da prefeitura não são suficientes para encobrir situações desalentadoras, como as carências que
persistem na área de saúde, as recorrentes irregularidades verificadas
nos serviços de varrição e coleta de lixo, para os quais criou-se uma taxa
específica, a perpetuação de uma cultura política antiética na Câmara Municipal, o "aparelhamento" da máquina pública, a contratação injustificada de funcionários sem concurso
e o abandono de uma linha de gestão
financeira que inicialmente se afigurava responsável e austera. São muitos, portanto, os obstáculos a superar -e entre eles o equacionamento
da elevada dívida municipal precisará ser tratado como prioridade.
Vença o candidato José Serra ou
mereça a prefeita Marta Suplicy a
confiança do eleitor para cumprir
um novo mandato, esta Folha continuará empenhada em exercer seu papel fiscalizador e crítico e em cobrar
que o compromisso com São Paulo e
com as aspirações de sua população
esteja em primeiro lugar.
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