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FERNANDO CANZIAN
Vilma
SÃO PAULO - Em meados de abril,
a reportagem da Folha teve o seguinte diálogo com Sueli Dumont,
chefe de uma família de 17 pessoas
em uma favela de Pernambuco:
"A sra. sabe que haverá eleições
neste ano?"
"Para prefeito?"
"Não, para presidente. A sra. conhece os candidatos ou sabe em
quem vai votar?"
"Em Lula!"
"Mas ele não pode ser candidato
desta vez..."
"Meu Deus! Pode não?"
Ao que a filha de Sueli interveio:
"Ô, "mainha", é a mulher de Lula
que vai entrar no lugar dele."
"E como é o nome dela?"
"É Vilma" -disse a filha.
"Vou votar em Vilma" -emendou Sueli.
Na época, Serra estava em seu
auge, segundo o Datafolha. Tinha
40%, ante 29% de Dilma.
Abril também sucedeu o trimestre em que o Brasil mais cresceu em
décadas. O país "rodava" a mais de
11% ao ano, em ritmo chinês.
No mesmo período, o aumento
médio da renda per capita já retornava ao ritmo pré-crise de 2009. Subia cerca de 5,5% ao ano na média
do país; e 7,5% no Nordeste. A classe C voltava a crescer nesse embalo.
Naquele abril, a taxa nacional de
ótimo/bom de Lula era de 73%. No
Nordeste, região que mais crescia,
83% o aprovavam. O Nordeste também era a única área do país em que
Dilma já estava à frente de Serra.
A partir daí, Dilma passou a subir, sempre no vácuo da popularidade de Lula. E Serra, a cair.
Hoje, dia em que conheceremos o
resultado da eleição presidencial,
Lula tem nacionalmente a mesma
aprovação que detinha apenas no
Nordeste lá em abril: 83%.
Um último ponto sobre aquele
mesmo abril, quando o jogo virou:
14% dos pesquisados diziam que
votariam em quem Lula indicasse.
O mesmo percentual, que corresponde a 18 milhões de eleitores,
nunca tinha ouvido falar de Dilma.
Eles farão a diferença hoje.
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