São Paulo, segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

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O ano da Bolsa

Ingresso de empresas na Bovespa, volume de negócios nos pregões e valor das corporações atingiram recordes

O MERCADO de capitais brasileiro apresentou desempenho exuberante em 2007. Segundo a CVM, as emissões primárias e secundárias de papéis moveram R$ 146,2 bilhões entre janeiro e novembro, sendo R$ 60 bilhões em ações, R$ 45,5 bilhões em debêntures e R$ 9,6 bilhões em fundos de direitos creditórios (recebíveis). A título de comparação, no mesmo período o BNDES desembolsou R$ 56,6 bilhões, e o crescimento do estoque de crédito do sistema bancário foi de R$ 176,2 bilhões.
Foram 64 as companhias que passaram a negociar suas ações na Bolsa, o número anual mais alto desde o início do Real. O montante das operações também chegou a valores inéditos. A Bovespa Holding, empresa criada para controlar a Bolsa de Valores de São Paulo, levantou R$ 5,7 bilhões; a BM&F, R$ 5,2 bilhões; e a Redecard (cartões de débito e crédito), R$ 4,1 bilhões. Essas ofertas públicas de ações foram as três maiores já registradas no mercado brasileiro.
Uma das implicações dessas operações é uma melhor governança das corporações domésticas, dado que 70% das empresas que ingressaram na Bovespa escolheram a modalidade chamada de Novo Mercado, que exige padrões mais rigorosos de contabilidade e divulgação de informações.
O volume médio diário de ações negociadas alcançou o recorde de R$ 6,78 bilhões. O número de companhias com ações negociadas somou 405, e sua capitalização atingiu R$ 2,42 trilhões. O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas, valorizou-se 43,6%.
Os investidores estrangeiros persistiram como o grupo mais relevante no volume de negócios, respondendo por 35%. Mas os aplicadores institucionais domésticos (fundos de pensão) e os individuais ampliaram sua participação para 30% e 24%, respectivamente. A tendência de crescimento do número de investidores individuais, presente desde 2004, acelerou-se.
O número de pessoas físicas com aplicações saltou de 220 mil em 2006 para 328 mil em novembro de 2007. Com a queda da taxa de juros, os investidores vêm passando a direcionar uma parcela crescente de seus recursos para o mercado acionário. O interesse dos poupadores pela renda variável estimula novas ofertas públicas de ações, formando um círculo que se retroalimenta. Começam a expandir-se fundos específicos para aplicar em empresas menores, as chamadas "small caps", ou em projetos de infra-estrutura.
A despeito das incertezas presentes nos mercados financeiros internacionais, associadas à crise das hipotecas nos EUA, a excessiva liquidez e as baixas taxas de juros predominantes nos principais mercados desenvolvidos tendem a manter elevado o fluxo de recursos para os países em desenvolvimento. Se nenhum grande baque acometer a economia americana, 2008 dará seqüência ao desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil, quem sabe transformando-o numa alavanca para investimentos produtivos de longo prazo.


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