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O ano da Bolsa
Ingresso de empresas na Bovespa, volume de negócios nos pregões e valor das corporações atingiram recordes
O MERCADO de capitais
brasileiro apresentou
desempenho exuberante em 2007. Segundo a CVM, as emissões primárias
e secundárias de papéis moveram R$ 146,2 bilhões entre janeiro e novembro, sendo R$ 60 bilhões em ações, R$ 45,5 bilhões
em debêntures e R$ 9,6 bilhões
em fundos de direitos creditórios (recebíveis). A título de comparação, no mesmo período o
BNDES desembolsou R$ 56,6 bilhões, e o crescimento do estoque de crédito do sistema bancário foi de R$ 176,2 bilhões.
Foram 64 as companhias que
passaram a negociar suas ações
na Bolsa, o número anual mais
alto desde o início do Real. O
montante das operações também chegou a valores inéditos. A
Bovespa Holding, empresa criada para controlar a Bolsa de Valores de São Paulo, levantou R$
5,7 bilhões; a BM&F, R$ 5,2 bilhões; e a Redecard (cartões de
débito e crédito), R$ 4,1 bilhões.
Essas ofertas públicas de ações
foram as três maiores já registradas no mercado brasileiro.
Uma das implicações dessas
operações é uma melhor governança das corporações domésticas, dado que 70% das empresas
que ingressaram na Bovespa escolheram a modalidade chamada de Novo Mercado, que exige
padrões mais rigorosos de contabilidade e divulgação de informações.
O volume médio diário de
ações negociadas alcançou o recorde de R$ 6,78 bilhões. O número de companhias com ações
negociadas somou 405, e sua capitalização atingiu R$ 2,42 trilhões. O Ibovespa, índice que
reúne as ações mais negociadas,
valorizou-se 43,6%.
Os investidores estrangeiros
persistiram como o grupo mais
relevante no volume de negócios, respondendo por 35%. Mas
os aplicadores institucionais domésticos (fundos de pensão) e os
individuais ampliaram sua participação para 30% e 24%, respectivamente. A tendência de crescimento do número de investidores individuais, presente desde 2004, acelerou-se.
O número de pessoas físicas
com aplicações saltou de 220 mil
em 2006 para 328 mil em novembro de 2007. Com a queda da
taxa de juros, os investidores
vêm passando a direcionar uma
parcela crescente de seus recursos para o mercado acionário. O
interesse dos poupadores pela
renda variável estimula novas
ofertas públicas de ações, formando um círculo que se retroalimenta. Começam a expandir-se fundos específicos para aplicar em empresas menores, as
chamadas "small caps", ou em
projetos de infra-estrutura.
A despeito das incertezas presentes nos mercados financeiros
internacionais, associadas à crise
das hipotecas nos EUA, a excessiva liquidez e as baixas taxas de
juros predominantes nos principais mercados desenvolvidos
tendem a manter elevado o fluxo
de recursos para os países em desenvolvimento. Se nenhum
grande baque acometer a economia americana, 2008 dará seqüência ao desenvolvimento do
mercado de capitais no Brasil,
quem sabe transformando-o numa alavanca para investimentos
produtivos de longo prazo.
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