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Sergio Britto morreu ontem, no Rio, aos 88

Diretor teve problemas renais e insuficiência respiratória aguda

Com mais de 90 peças no currículo, ele está entre os artistas que modernizaram o teatro nacional no anos 1940

GUSTAVO FIORATTI
colaboração para a folha

Morreu na manhã de ontem, aos 88 anos, o ator e diretor Sergio Britto. Ele estava internado no hospital Copa D'Or, no Rio, havia um mês.

Segundo nota do hospital, sua morte foi causada por insuficiência respiratória aguda. O sobrinho dele, Paulo Brito, disse à Folha que o rim do ator não funcionava mais.

Uma das últimas visitas que recebeu foi da atriz Fernanda Montenegro, na sexta. Fernanda também esteve no velório, ocorrido na tarde de ontem na Assembleia Legislativa do Rio. "Ele foi um fomentador da cultura, participou da formação de muitos grupos. O legado dele são as pessoas que ele formou. Eterna saudade desse líder de gerações", disse a atriz.

O enterro estava marcado para hoje, às 11h, no cemitério do Caju. O governador do Rio, Sérgio Cabral, decretou luto oficial de três dias.

Britto foi artista importante dentro do movimento de modernização do teatro nacional nos anos 1940 e 50, tendo se juntado aos profissionais do Teatro Brasileiro de Comédia. Também teve participação de destaque nas primeiras montagens do Teatro de Arena, em São Paulo.

Foi no TBC que conheceu os atores Gianni Ratto, Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Ítalo Rossi, com quem fundou em 1959 a companhia Teatro dos Sete.

Ainda antes da dissolução do grupo, fez produções independentes, uma delas ao lado da atriz Nathália Timberg. A dupla atuou em "Meu Querido Mentiroso" (1964), de Jerome Kilty, remontada por eles em 1988.

Durante sua brilhante carreira, somou mais de 90 peças, como diretor e como ator. Protagonizou "Rei Lear", de Shakespeare (1983), e assistiu ao início da carreira de Gerald Thomas, atuando em "Quatro Vezes Beckett" (1985), uma das primeiras montagens do diretor. Também trabalhou no cinema e na TV. Foi diretor e intérprete do programa "Grande Teatro", que levava peças primeiramente para a rede Tupi, depois para a TV Rio.

Um de seus últimos trabalhos para o teatro foi a sessão que reunia "A Última Gravação de Krapp" e "Ato sem Palavra 1", ambas de Beckett, pela qual recebeu o prêmio Shell em 2009. Desde 2001, conduzia o programa "Arte com Sergio Britto" (TV Brasil).

Está previsto para 2012 o lançamento de um documentário sobre o ator, dirigido por Isabel Cavalcanti, com o título provisório "O Homem das Mil Fábulas".

Seu sobrinho afirma que o ator deixa um acervo com fotografias e recortes de jornais. Paulo confirma ainda que Britto brigava na Justiça para reaver uma casa doada ao administrador Antonio Alves de Melo Bento. Britto contestava o documento de doação, que assinou já doente.

(COLABOROU ÍTALO NOGUEIRA, DO RIO)

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