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Padre expulso durante ditadura volta ao Brasil depois de 31 anos

Vito Miracapillo obteve autorização para renovar visto permanente

DANIEL CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RECIFE

Expulso do Brasil pelo regime militar há 31 anos, o padre italiano Vito Miracapillo, 65, retornou ao país nesta semana depois de ser autorizado pelo governo federal a renovar seu visto permanente.

Em 1980, ele foi obrigado a ir embora depois de se negar a realizar uma cerimônia pelo Dia da Independência na cidade pernambucana de Ribeirão, onde era pároco.

Na época, o religioso afirmou que não havia "independência para ser comemorada" e que, por isso, não haveria missa em Ribeirão.

Miracapillo foi denunciado ao governo pelo então deputado estadual Severino Cavalcanti (PP), que integrava a Arena. O decreto de expulsão foi assinado pelo presidente João Figueiredo.

O padre chegou a Pernambuco na última terça depois de ter obtido autorização do Ministério da Justiça para renovar seu visto permanente, como informou o jornal "O Estado de S. Paulo". Ele já havia voltado com visto de turista, já que o decreto de expulsão foi revogado em 1993.

Para comemorar a decisão do Ministério da Justiça, o padre celebrará uma missa amanhã à noite em Ribeirão.

Ele terá de voltar à Itália, onde atua como pároco da cidade de Canosa. Para ficar em Pernambuco, precisa da autorização de superiores.

"Meu desejo é voltar e ficar, para continuar aquele trabalho que estava fazendo", disse Miracapillo em entrevista coletiva anteontem.

Ele afirmou ter perdoado os responsáveis por sua expulsão, mas não poupou o ex-vice-presidente Marco Maciel (DEM) ao ser questionado sobre sua eventual participação na Comissão da Verdade.

No ano da expulsão, Maciel era governador de Pernambuco. "Não sei quem foi chamado [para a comissão]. Lembro que, na época, a única coisa boa que Marco Maciel fez foi não falar."

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