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Produção industrial ficou quase estagnada em 2011

Crescimento acumulado até novembro foi de apenas 0,4%, mostra IBGE

Depois de três meses de forte queda, setor fabril teve recuperação fraca; indústria deve crescer em 2012, mas pouco

PEDRO SOARES
DO RIO

A indústria teve mais um mês de desempenho pífio em novembro, e agora as projeções de analistas são de que o setor ficou praticamente estagnado no ano passado.

Após um ano muito fraco, a produção deu um "soluço" em novembro e avançou 0,3% na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE.

Tal desempenho, porém, não foi capaz de recuperar quedas sucessivas entre agosto e outubro -período no qual a perda somou 2,6%.

"Todos os resultados mostram um menor ritmo da indústria. Temos de relativizar esse crescimento [de 0,3%], influenciado pela base de comparação mais fraca", disse André Macedo, do IBGE.

De janeiro a novembro do ano passado, a indústria cresceu apenas 0,4%. Os resultados divulgados ontem trouxeram pessimismo e consultorias revisaram suas previsões para um crescimento quase nulo do setor em 2011.

Tendências e LCA baixaram a estimativa para 0,2%. No início do ano, as projeções de mercado coletadas pelo Banco Central sugeriam crescimento de mais de 5%.

Mas a crise que castiga a Europa chegou, no Brasil, primeiro à indústria, setor mais conectado à economia global e sensível às oscilações do câmbio e aos fluxos de comércio internacional.

O setor, abatido pela concorrência mais acirrada com importados, vem enfrentando também dificuldade em colocar produtos no exterior devido ao fraco crescimento dos países desenvolvidos.

Os resultados de 2011 contrastam com a expansão de 10,5% da indústria em 2010, apurada pelo IBGE. O número foi inflado pela retomada pós-crise mundial de 2008-2009, que havia derrubado a produção fabril.

"A questão externa afetou muito a indústria. Com as economias desenvolvidas em crise, sobram produtos, que chegam mais baratos ao Brasil, graças também ao câmbio desfavorável", diz Rafael Bacciotti, da Tendências.

Analistas dizem ainda que a alta dos juros que prevaleceu até agosto passado ajudou a esfriar a economia e o setor industrial em especial.

Sentiram mais o baque ramos que empregam muito e que sofrem a concorrência de importados, como têxtil, calçados e produtos químicos -os três acumularam as maiores quedas de 2011.

Para Macedo, porém, alguns "pequenos sinais de melhora" estão à vista, como a desvalorização recente do real, a redução de estoques em ramos como o automobilístico e a redução dos juros desde agosto.

Esses fatores pesaram na tímida reação de novembro e podem ajudar a indústria neste ano, cuja produção deve crescer entre 2% a 2,5%, segundo analistas. Ainda assim, haverá, como em 2011, um descompasso em relação aos demais setores e a indústria crescerá abaixo do PIB (Produto Interno Bruto).

É que o setor de serviços (inclusive o comércio) não sofre a concorrência externa, diz Bacciotti, e se beneficia mais da ascensão de novas classes de consumidores e do aumento da renda.

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