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Declaração de Mercadante irrita governo

Ministro da Ciência e Tecnologia falou sobre sua provável ida para a Educação, tema ainda tratado reservadamente

Durante programa 'Bom Dia Ministro', petista afirmou ser 'possível' substituir atual titular, Fernando Haddad

NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Integrantes do Palácio do Planalto reprovaram ontem declarações do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, sobre sua ida para o Ministério da Educação, tema ainda tratado reservadamente pelo governo.

Durante entrevista a um programa estatal, ele afirmou ser "possível" sua nomeação para o cargo.

Mercadante foi chamado pela presidente Dilma Rousseff no mês passado para assumir a vaga de Fernando Haddad, conforme antecipou a coluna Painel em sua edição de 19 de dezembro.

O convite, porém, ainda não havia sido oficializado até agora por decisão do próprio Palácio.

O objetivo da reserva era evitar que um anúncio antecipado criasse uma situação delicada de ter dois ministros da Educação atuando ao mesmo tempo.

Haddad é o candidato do PT para disputar a Prefeitura de São Paulo neste ano.

Em seu ministério, a frase do futuro chefe também causou incômodo.

Durante entrevista no programa "Bom Dia Ministro", Mercadante afirmou, ao ser questionado, ser "possível" sua nomeação no MEC.

"Eu prometo que, se isso acontecer, e é possível que aconteça, eu estarei aqui à disposição e nós poderemos discutir a pasta [ministério] da Educação."

Ele ressalvou, porém, que a decisão cabia à presidente da República.

Depois, entretanto, passou a discorrer sobre os desafios do ensino público no Brasil e sobre a necessidade de avanços na área.

Para representantes do governo, o ministro praticamente se "autonomeou" ao posto. Alguns chegaram a se lembrar do episódio em que o governador do Rio, Sérgio Cabral, anunciou a escolha por Dilma de um assessor seu para ser ministro da Saúde.

O problema é que ele fez isso antes da presidente. Resultado: Cabral perdeu a chance de indicar um nome seu para a Esplanada.

Internamente, ninguém diz que Aloizio Mercadante corre o mesmo risco, mas dão um conselho: "É melhor não facilitar".

Sua posse no MEC está prevista para ocorrer nos próximos dias. Dilma costuma elogiar a breve gestão de Mercadante na Ciência e Tecnologia, afirmando que ele deu uma dimensão maior à pasta e o aplaudia por não interferir em outras áreas comandas por colegas.

A equipe do ministro afirma que as declarações de Mercadante sobre educação só ocorreram porque os dois ministérios possuem muitos programas tocados de forma conjunta.

A pasta disse não ver nenhum problema nas declarações que Mercadante fez sobre ensino público no Brasil.

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