Petrolão
Ministério Público denuncia tesoureiro do PT e ex-diretor
Duque, que segundo a Procuradoria mandou dinheiro da Suíça para Mônaco no fim de 2014, voltou a ser preso
Vaccari é acusado de intermediar o pagamento de propina para o PT por meio de doações oficiais
O Ministério Público Federal denunciou à Justiça o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e outras 26 pessoas suspeitas de participação no esquema de corrupção da Petrobras investigado na operação Lava Jato. Um dos denunciados, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, voltou a ser preso nesta segunda-feira (16).
A detenção de Duque e outros quatro suspeitos ocorreu pela manhã na décima fase da Lava Jato, batizada de "Que País É Este?", em referência a uma frase dita por Duque ao ser preso pela primeira vez, em novembro.
Duque havia sido solto pelo Supremo Tribunal Federal sob o argumento de que o fato de ele ter contas no exterior não era motivo suficiente para mantê-lo na prisão.
No novo despacho de detenção, o juiz federal Sergio Moro citou provas obtidas pelo Ministério Público de que Duque transferiu valores de contas na Suíça para Mônaco em 2014. As remessas ocorreram após ele deixar a prisão, em novembro, e os valores não foram declarados ao Fisco, o que configurou nova lavagem de dinheiro, segundo a Procuradoria.
A prisão teve como objetivo evitar que ele continuasse a cometer crimes, segundo o despacho de Moro.
Duque, indicado ao cargo na Petrobras pelo PT, teve R$ 68 milhões bloqueados pelas autoridades de Mônaco.
A defesa dele nega as acusações (leia texto abaixo).
O ex-diretor foi preso no Rio e levado para Curitiba. Também foram apreendidas 131 obras de arte.
Entre os presos está Adir Assad, que ajudava o grupo a lavar o dinheiro desviado, segundo a Procuradoria. Assad já foi investigado na CPI do Cachoeira, em 2012, sob suspeita de ajudar empreiteiras a lavar dinheiro em grandes obras, como Ferrovia Norte-Sul e o Rodoanel paulista.
Também foram detidos Lucélio Roberto Goés, que é filho de Mário Goés, apontado como um dos operadores do esquema, Dario Teixeira e Sonia Branco. Eles são suspeitos de ligações com empresas usadas para a lavagem.
O TESOUREIRO
À tarde, os cinco detidos e outras 22 pessoas foram alvos de nova denúncia da Procuradoria. Na acusação formal, pela primeira vez o tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi denunciado em processos da Lava Jato. Vaccari já tinha sido alvo de pedido de investigação no Supremo.
A denúncia aponta que os acusados participaram de esquema no qual foram desviados R$ 136 milhões em obras em dois gasodutos e nas refinarias de Paulínia (SP) e Araucária (PR). A nova acusação atinge executivos da Mendes Junior, OAS e Setal, que já que estavam presos.
Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção, lavagem e quadrilha.
Vaccari é acusado de intermediar propinas para o PT por meio de doações oficiais entre 2008 e 2010. As contribuições somam mais de R$ 4 milhões. Segundo o procurador Deltan Dallagnol, as quantias destinadas ao partido eram "descontadas" do total de propina gerada na diretoria comandada por Duque.
Dallagnol afirma que há provas e testemunhos de que Vaccari participou de reuniões com empresários para discutir os pagamentos.
A Procuradoria aponta que o vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse, após fazer delação premiada, que Vaccari o procurou por volta de 2010 dizendo que conhecia o esquema na diretoria de Serviços e sabia que havia atraso no pagamento de propina por parte da empreiteira.
Segundo Leite, Vaccari pediu que o suborno atrasado, de R$ 10 milhões, fosse pago em forma de doação eleitoral.