Mônaco bloqueia R$ 40 mi atribuídos a ex-diretor
Jorge Zelada assumiu a área internacional da Petrobras entre 2008 e 2012, mas não é réu na Lava Jato
A Justiça de Mônaco determinou o bloqueio de 11,6 milhões de euros (o equivalente a R$ 40 milhões) em contas atribuídas ao ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada.
O Ministério Público Federal no Paraná, que divulgou a informação, suspeita que a quantia tenha sido obtida por ele de maneira ilegal.
Zelada foi diretor da área Internacional da Petrobras entre 2008 e 2012, substituindo Nestor Cerveró, que está preso acusado de lavagem de dinheiro. Zelada, porém, não é réu em processos envolvendo a Lava Jato, ao contrário de outros ex-diretores.
O procurador da República Deltan Dallagnol, no entanto, afirmou na segunda-feira (16) que já existem elementos que indicam enriquecimento ilícito de Zelada. Mas defende que é preciso mais investigação para levar o caso à Justiça.
"Não basta provar que uma determinada pessoa, um funcionário público que ganhou sempre um valor moderado ao longo da história, tem zilhões de reais no exterior. Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito [na legislação], estaríamos hoje oferecendo acusação criminal contra Zelada. Não temos e devemos seguir a investigação."
Zelada assumiu a diretoria por influência do PMDB. Em novembro de 2014, o ex-gerente da estatal Pedro Barusco afirmou em depoimento que Zelada recebeu propinas relativas a desvios em projetos de plataformas de petróleo. O delator disse que um pagamento de R$ 120 mil foi feito na casa de Zelada, no Rio, antes de ele assumir o cargo de diretor.
O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa também acusou no ano passado o ex-colega de integrar um esquema de corrupção dentro da estatal.
Em sessão da CPI mista da Petrobras no ano passado, um gerente da estatal afirmou que um documento sigiloso da empresa foi vazado para uma companhia holandesa por meio da senha de Zelada.
O ex-diretor também prestou depoimento à comissão à época e negou ter repassado o arquivo.
OUTROS CASOS
Na semana passada, os procuradores receberam informações de que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque movimentou dinheiro da Suíça para Mônaco. Na segunda (16), Duque foi preso porque a Justiça Federal considerou que havia grave risco ao procedimento de repatriação do dinheiro caso ele permanecesse em liberdade. Duque nega que possua recursos fora.
Já há tratativas para repatriar esses valores, que se aproximam de R$ 70 milhões. Até agora, R$ 182 milhões em contas de Pedro Barusco na Suíça foram repatriados.