Vaccari pediu doações para o PT, diz executivo
Lobista na Petrobras intermediou contato, afirmou à Justiça Gerson Almada, da Engevix
O vice-presidente da Engevix Gerson de Mello Almada disse em depoimento ao juiz Sergio Moro, no âmbito da Lava Jato, que o lobista Milton Pascowitch e o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, pediram à empreiteira doações ao partido.
"Como ele [Milton Pascowitch] tinha um relacionamento com o PT, na Diretoria de [Engenharia e] Serviços [da Petrobras], também ele trazia pedidos não vinculados a obras, mas vinculados a doações para o partido nas épocas de eleições ou em dificuldades de caixa do partido", afirmou Almada. Na época, o diretor era Renato de Souza Duque, que teria sido indicado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Ainda de acordo com o executivo, preso em Curitiba, entre 0,5% e 1% dos contratos celebrados com a Petrobras intermediados por Pascowitch, eram repassados ao lobista --Almada, no entanto, diz não saber qual era a destinação final dos valores.
Ele afirmou que Pascowitch teria posto como condição o pagamento a ele para que a Engevix "ficasse bem com o partido político", referindo-se ao PT.
"Teve um ano eleitoral em que foram feitas duas doações para o PT", continua Almada, que afirma não se recordar dos valores exatos. Os detalhes das contribuições eram acertados com Vaccari, tesoureiro nacional da sigla.
Procurado, o PT afirmou que recebe apenas doações legais, declaradas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Almada diz, ainda, que contratou o ex-ministro José Dirceu para representar a Engevix no Peru e em Cuba.
"Após a saída do ministro José Dirceu [do governo, em 2005], nós tivemos uma primeira reunião, em que ele colocou-se à disposição para fazer um trabalho junto à empresa no exterior", relatou.
O empreiteiro detalhou três reuniões com Dirceu, intermediadas por Pascowitch. Almada elogia Dirceu: "Fala com todo o mundo, bota você nas melhores coisas". (ALEXANDRE ARAGÃO, FLÁVIO FERREIRA E MARIO CESAR CARVALHO)