Petrolão
Polícia prende presidente de empreiteira e lobista
Operador é suspeito de pagar propina de US$ 8,2 mi à empresa Sete Brasil
Empresário da Galvão diz que ato da PF foi 'ilegal e sem fundamento' e que pedirá habeas corpus
Em mais um capítulo da Operação Lava Jato, a Polícia Federal prendeu nesta sexta (27) o diretor-presidente do Grupo Galvão, Dario de Queiroz Galvão Filho, e um lobista apontado como o operador de pagamentos de propina à empresa Sete Brasil.
Guilherme Esteves de Jesus é suspeito de intermediar transferências no exterior no total de US$ 8,2 milhões. Os beneficiários seriam dois executivos da Sete Brasil. A empresa, formada por sócios privados e pela Petrobras, administra o aluguel de sondas para os projetos do pré-sal.
A suspeita foi citada em despacho que ordenou a prisão do lobista, assinado pelo juiz federal Sergio Moro. No documento, é dito que a origem dos pagamentos é a Jurong, empresa de Cingapura com negócios no Brasil.
Moro afirma que há prova de que o "esquema sistemático" de propinas nos projetos da Petrobras "se estendeu aos contratos da Sete Brasil".
Quatro pessoas se beneficiaram dos pagamentos fora do Brasil, diz o documento: o ex-presidente da Sete Brasil João Ferraz, o ex-diretor de participações Eduardo Musa, o ex-diretor da Petrobras Renato Duque e o ex-gerente da estatal Pedro Barusco.
Barusco já havia dado depoimento ligando o estaleiro a pagamento de propina para executivos da Sete Brasil.
Na decisão, Moro diz que, da mesma maneira que a Petrobras foi prejudicada por irregularidades, a Sete Brasil também sofreu danos, "o que coloca em risco à exploração do pré-sal".
Os dois presos nesta quinta foram levados para a sede da PF em Curitiba. Em despacho ordenando a prisão do empresário do Grupo Galvão, o juiz federal considerou que Dario Galvão foi o "mandante" de crimes praticados pela empresa e que, em liberdade, mais irregularidades poderiam continuar sendo cometidas.
Dario Galvão é o segundo executivo do grupo a ir para a prisão na Lava Jato. Erton Fonseca, diretor-presidente da Galvão Engenharia, está detido desde novembro.
Moro afirmou que seria "estranho" manter apenas Fonseca detido, já que Dario Galvão teria tomado as decisões. Um outro argumento para a prisão foi o depoimento do operador Shinko Nakandakari, que deu detalhes sobre o suposto pagamento de propina no início do mês.
Erton Fonseca diz ter sido vítima de extorsão. A Galvão Engenharia entrou com um pedido de recuperação judicial na Justiça do Rio nesta semana. O objetivo do procedimento, em que fornecedores e credores deixam de ser pagos, é evitar a falência.
OUTRO LADO
A defesa de Galvão afirmou que a prisão foi "ilegal" e sem fundamento. Também afirmou que vai encaminhar um pedido de habeas corpus.
Procurada, a Sete Brasil não se manifestou. A defesa de Guilherme Esteves de Jesus não foi encontrada.
A reportagem não conseguiu localizar representantes dos outros citados.