O deputado estadual Carlos Bezerra (PSDB), nome de consenso para assumir a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo, disse nesta quarta-feira (13) que é "surreal" a indicação do colega de partido Coronel Telhada para compor o colegiado.

Segundo ele, os paulistas e os brasileiros ficaram "espantados" com a indicação feita pelo líder do PSDB na Casa Legislativa, Carlão Pignatari.

"É surreal, seria a mesma coisa que colocar uma pessoa com o meu perfil para comandar a Rota [tropa de elite da Polícia Militar]. A gente sabe que não vai dar certo e é a mesma situação surreal", criticou.

A indicação do deputado estadual, ex-comandante da Rota, tem sido alvo de críticas da oposição à gestão Geraldo Alckmin (PSDB) e tem dividido o próprio partido.

Favorável à redução da maioridade penal, Telhada se descreve como um conservador que procura seguir os mandamentos da Bíblia.

Em nota divulgada na terça-feira (12), a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo pediu ao líder do PSDB que reconsidere a indicação do deputado estadual.

O grupo é formado por advogados e juristas como José Gregori, José Carlos Dias e Paulo Sérgio Pinheiro, que já fizeram parte de administrações tucanas.

"Imagino que o PSDB deva ter outros nomes na bancada estadual que não trarão uma atuação tão polêmica e tão inadequada para o legado histórico do partido [na área de direitos humanos]", disse Pinheiro à Folha.

ADIAMENTO

Por falta de quórum, a reunião de instalação da comissão permanente, marcada para esta quarta-feira (13), foi adiada para o dia 20 de maio.

Compareceram apenas os deputados Adilson Rossi (PSB), Carlos Bezerra (PSDB), Hélio Nishimoto (PSDB) e Luiz Carlos Gondim (SD). Eram necessários ao menos sete do total de onze parlamentares para a instalação do colegiado.

Telhada não compareceu à Assembleia, segundo um assessor parlamentar.

O PT, que também não compareceu à comissão, tenta ganhar tempo nas negociações para a composição do colegiado. A sigla disputa com o PSB a vice-presidência.