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Mantega recebeu alertas contra chefe da Casa da Moeda

Ministro manteve dirigente no cargo mesmo após avisos de partido e da Casa Civil sobre suspeitas de corrupção

Demitido no sábado, quando a Folha apurava suposto esquema, ex-dirigente nega qualquer irregularidade

ANDREZA MATAIS
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve Luiz Felipe Denucci no comando da Casa da Moeda mesmo após ser alertado pela Casa Civil e pelo PTB, em agosto do ano passado, das suspeitas de irregularidades envolvendo o presidente do órgão.

A demissão de Denucci só ocorreu no último sábado, quando o governo tomou conhecimento de que a Folha preparava reportagem sobre um suposto esquema de corrupção na estatal.

Relatório de uma empresa que administra contas bancárias no exterior diz que Denucci recebeu "comissão" de US$ 25 milhões de fornecedores da Casa da Moeda por meio de empresas no exterior em nome dele e da filha.

Ele confirma ter as "offshores", mas nega ter recebido dinheiro de fornecedores.

A Casa Civil informou que a ministra Gleisi Hoffmann soube pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), de possíveis irregularidades no órgão e que avisou o Ministério da Fazenda.

A Casa Civil diz que, em resposta, foi informada pela Fazenda de que "estava em curso" processo de substituição de Denucci, o que, entretanto, ocorreu apenas cinco meses depois.

O líder do PTB diz que também comunicou ao ministro, em agosto, o caso das "offshores". Mantega teria pedido para ele formalizar a informação, o que não ocorreu.

Procurada, a Fazenda não se manifestou.

Quando Mantega nomeou Denucci para a Casa da Moeda, ele já era investigado pelo Ministério Público e pela Polícia Federal por sonegação fiscal, caso que não tem relação com as "offshores".

Sobre essas outras suspeitas, o PTB, em fevereiro de 2010, também já havia encaminhado ao ministro um ofício no qual relatava que Denucci era investigado.

Nesse ofício, de fevereiro de 2010, o PTB diz a Mantega que a denúncia de sonegação é "gravíssima" e "o pronto afastamento, indispensável".

A pressão do PTB para substituir Denucci foi motivada também pelo fato de ele "ter virado as costas" para o partido, alinhando-se ao PP. Ele é próximo ao senador Francisco Dornelles (RJ), presidente do partido.

Diante da resistência do governo, o PTB chegou a buscar apoio de outros ministros. Ouvia sempre que a empresa vinha apresentando bons resultados. Ele deixou a companhia com um inédito lucro de R$ 517 milhões.

À Folha Denucci afirmou que foi convidado para o cargo pelo ministro da Fazenda e negou ter cometido qualquer irregularidade.

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