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Investimento das estatais cai 7,5% no 1º ano de Dilma

Resultado de 2011 interrompe ciclo de forte expansão que vinha desde 2001

Os R$ 82,4 bi aplicados mostram recuo de R$ 6,7 bi em relação a 2010; Planejamento questiona forma do cálculo

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

O primeiro ano do governo Dilma Rousseff marcou a quebra de uma série histórica de dez anos seguidos de crescimento dos investimentos realizados por empresas estatais federais.

Pela primeira vez desde 2000, o volume investido caiu em comparação com o ano anterior.

O consolidado de R$ 82,4 bilhões executados em 2011 pelas estatais, segundo dados do Ministério do Planejamento, representa um recuo de R$ 6,7 bilhões na comparação com 2010, em valores já corrigidos pelo IGP-DI.

A queda, de 7,5% -em dólar, a queda é de 2,8%- representa uma mudança brusca na curva observada desde 2000. Os investimentos de estatais, sempre carreados pelo peso da Petrobras e suas subsidiárias, vinham crescendo numa variação média de 13,7% a cada ano.

O resultado negativo vai na contramão dos discursos do governo no ano passado, quando houve a promessa de preservação desses investimentos apesar dos ajustes fiscais promovidos para obter o cumprimento da meta de superavit primário (economia para pagamento da dívida).

Nesse sentido, o governo havia mudado o cálculo da meta, deixando de fora do esforço fiscal potências estatais, como Petrobras, Eletrobras e os bancos públicos.

E foi justamente essa trinca, com destaque para a petrolífera, a responsável pelas maiores quedas em 2011.

Conforme os dados do Ministério do Planejamento divulgados no fim de janeiro, a Petrobras sofreu um recuo de R$ 4,3 bilhões, em valores corrigidos, mas outras estatais protegidas do cálculo do superavit também apresentaram queda, como Furnas (R$ 324,8 milhões) e Banco do Brasil (R$ 294,3 milhões).

Especialistas apontam a política de frear a atividade econômica para segurar a inflação como explicação. "Uma forma de desaquecer a economia é reduzir investimentos", diz Walter de Vitto, da Tendências Consultoria. "Houve ingerência política do governo na Petrobras, tendo um olho na inflação, e isso provavelmente aconteceu nas outras empresas."

No caso da Petrobras, a explicação também passa pela redução do nível de produção diária de barris ao longo de 2011, em parte em decorrência de disputas judiciais, segundo De Vitto.

As ações mais afetadas envolveram as relacionadas ao desenvolvimento da produção na Bacia de Santos.

A nota positiva para o governo ficou por conta da Infraero, que começou a ser desidratada com o processo de concessão de aeroportos. A estatal investiu R$ 464,2 milhões a mais, mas, ainda assim, ficou 24% abaixo do programado inicialmente.

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