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Haddad transportou família em jato oficial

Ministro da Educação até janeiro, o petista fez 129 deslocamentos Brasília-SP, com familiares, em 2010 e 2011

Haddad diz não haver ilegalidade ou problema ético, já que decreto permite ida para casa em aeronave da FAB

Joel Silva/Folhapress
Haddad durante comemoração do aniversário do PT
Haddad durante comemoração do aniversário do PT

LÚCIO VAZ
DE BRASÍLIA

O pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, usou jatinhos da FAB (Força Aérea Brasileira) para transportar mulher e filha de Brasília para São Paulo enquanto ocupava o cargo de ministro da Educação.

Levantamento feito pela Folha revela que foram 129 deslocamentos em aeronaves oficiais, entre janeiro de 2010 e dezembro de 2011 -pelo menos uma viagem de ida e volta por semana.

Em 97 voos, estavam juntos o então ministro, a mulher, Ana Estela, e a filha menor, além de outras autoridades e servidores públicos.

Caso optassem por aviões de carreira nas viagens, a mulher e a filha de Haddad teriam gasto cerca de R$ 50 mil em passagens aéreas.

Foram 46 voos exclusivos, sem outros ministros, de Haddad para São Paulo. Em 15, estavam só ele, a mulher e a filha. Em 33, assessores também. Em alguns, a mãe e o filho do ministro.

Em fevereiro do ano passado, por exemplo, uma aeronave Embraer de 45 lugares partiu de São Paulo para Brasília, em um domingo, só com Haddad e a filha.

Em 26 de dezembro de 2010, o ministro decolou de São Paulo num Learjet de cinco lugares com a mulher, os dois filhos e a mãe.

O uso de jatinhos da FAB é regulamentado por decreto federal (4.244/2002). O texto prevê o transporte de ministros, além de outras autoridades, para agendas oficiais ou no deslocamento para casa.

Não há nada no texto sobre a extensão desse benefício a parentes ou conhecidos das autoridades.

Para evitar desperdícios, os presidentes Lula e Dilma Rousseff orientaram suas equipes a atenderem as exigências do decreto e a fazerem voos compartilhados, com mais de um ministro.

Em dezenas de viagens de fim de semana, porém, o ex-ministro descumpriu a orientação dada.

As viagens de Haddad entre Brasília e São Paulo se deram apesar de o petista ter fixado residência na capital federal quando assumiu o ministério, em 2005. Recebia mensalmente auxílio-moradia de R$ 3.800.

A mulher também era funcionária do governo federal, no Ministério da Saúde. A filha estava matriculada em uma escola da cidade.

A FAB informou a planilha de voos e o custo dos deslocamentos. O trecho Brasília/São Paulo fica entre R$ 8,3 mil e R$ 11,3 mil, só ida.

Haddad afirmou não ver problema na prática, sob o argumento, entre outros, de que os ministros têm direito às viagens para casa. Disse ainda que, a partir de 2008, passou a ir quase todos os finais de semana para São Paulo porque o filho, que tinha 15 anos, passou a morar lá. "A minha menina tinha sete, e eu não iria deixar os dois sem convivência."

A Folha ouviu os 15 ministros que mais viajaram de jatinho no governo Dilma. Apenas Ideli Salvati (Relações Institucionais) admitiu que o marido costuma acompanhá-la nas viagens para casa.

Celso Amorim (Defesa) disse que a mulher viaja "esporadicamente" nos jatinhos.

As planillhas da FAB não contêm informações sobre o deslocamento de familiares de integrantes do governo. No caso de Haddad isso foi possível porque o MEC divulgou a agenda completa dele, algo que os outros ministérios não forneceram.

Os 145 voos de Haddad em 2011, a maioria para cumprir agenda oficial, custaram R$ 597 mil. Ele foi como carona a São Paulo em outros 54 voos, por mais R$ 108 mil.

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