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Fogo destroi base na Antártida e mata 2

Incêndio na madrugada atinge estação científica da Marinha brasileira, destruindo laboratórios e outras instalações

Corpos carbonizados são de suboficial e primeiro-sargento; sobreviventes foram levados para o Chile

Reuters/Armada de Chile/Handout
Incêndio destroi Estação Ántártica Comandante Ferraz e deixa dois mortos
Incêndio destroi Estação Ántártica Comandante Ferraz e deixa dois mortos

DE BRASÍLIA

Um incêndio na madrugada de ontem destruiu a estação científica brasileira Comandante Ferraz, na Antártida, deixando dois mortos e um militar da Marinha ferido.

A Marinha informou à noite que os dois corpos carbonizados encontrados na base são do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos.

O primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros ficou ferido e foi levado para Punta Arenas, no Chile, assim como os outros brasileiros que estavam na estação.

Em nota divulgada ontem à noite, a presidente Dilma Rousseff lamentou as mortes e manifestou "A firme disposição do país de reconstruir a estação".

O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que "a destruição foi praticamente total" e que haverá sindicância para averiguar as circunstâncias do incêndio e as condições de manutenção da base, que funcionava havia 27 anos.

O complexo brasileiro na Antártida tinha cerca de 2.600 metros quadrados de área construída, incluindo laboratórios, oficinas, garagens para lanchas e embarcações, biblioteca e enfermaria.

No momento do incêndio, estavam na base 15 militares, 30 pesquisadores, um alpinista que presta apoio às atividades de pesquisa e um representante do Ministério do Meio Ambiente.

O incêndio ocorreu na "praça de máquinas", onde ficam os geradores de energia. Há um mês começou a funcionar no local um novo gerador, movido a etanol.

A Força Aérea Brasileira enviou um avião Hércules para resgatar os pesquisadores e militares em Punta Arenas. A previsão é que ele regresse hoje do Chile. Dois navios da Marinha da Argentina e dois botes poloneses estão apoiando as ações.

PERDA IRREPARÁVEL

O ministro Amorim afirmou que laboratórios e contêineres poderão ser reconstruídos em até nove meses, mas não há como estimar o prejuízo com a destruição das pesquisas em curso.

Uma delas, aliás, se referia à contenção do fogo em ambientes como o da estação. O frio e o vento forte tornam o ar muito seco na Antártida, o que facilita a propagação.

Segundo Janice Trotte Duha, coordenadora de Mar e Antártida do Ministério da Ciência e Tecnologia, a destruição da base "é uma perda irreparável".

O secretário de pesquisa do ministério, Carlos Nobre, responsável pela parte científica do programa antártico, disse que nunca houve um acidente tão grave nos 30 anos de programa. "É um balde de água fria [para a pesquisa nessa área]", afirmou.

A estação Comandante Ferraz começou a operar em fevereiro de 1984 e fica numa praia da península Keller, na baía do Almirantado.

Num boletim divulgado há um mês, a Marinha afirmou que a "estação é a materialização de um antigo anseio da comunidade científica brasileira".

(CLAUDIO ANGELO, ELIANE CANTANHÊDE, JOHANNA NUBLAT, LUCAS FERRAZ e SIMONE IGLESIAS)

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