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Governo quer vender serviço de notícias

Deficitária, Empresa Brasil de Comunicação estuda oferecer programação a TVs públicas estaduais para ganhar receita

Presidente da EBC diz que é possível atuar 'de forma mais plural', trabalhando para vários Estados e siglas

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

Deficitária ano após ano, com imagem de ser chapa-branca e sem obter audiência para suas emissoras, a estatal EBC (Empresa Brasil de Comunicação) quer ampliar sua carteira de clientes para TVs públicas nos Estados.

A ideia é produzir receita própria para a EBC. Em 2011, a estatal teve apenas R$ 57,1 milhões de faturamento. Esse valor equivale a 13% do total das despesas no mesmo ano. O governo teve de injetar R$ 367,8 milhões para que a EBC pudesse funcionar.

Em entrevista à Folha e ao UOL, o presidente da empresa, Nelson Breve, que assumiu no final de 2011, disse que já fez contatos com a TV Cultura, sob o comando do governo paulista (PSDB), e com a Câmara de São Paulo, cuja direção é do PSD. Ele busca parcerias e formas de captar novas receitas.

"No momento em que você consiga transitar de forma mais plural, eu acho que isso pode ser entendido como um serviço público que você presta. Mesmo fazendo comunicação estatal, mas para diversos governos de diversos partidos", disse.

Para chegar a esse estágio mais plural, a EBC teria de modernizar a sua gestão, ganhar liberdade para contratar de forma flexível -não apenas por concurso. Mas a possibilidade de esse cenário se materializar no curto ou no médio prazo é pequena.

Sem essa mudança, Breve acha que uma solução para que a empresa consiga se livrar da imagem de "chapa-branca" seria devolver para o governo federal os serviços explicitamente estatais.

A empresa pararia de produzir o programa compulsório de rádio "Voz do Brasil" e de operar o canal de TV NBR, que transmite solenidades oficiais da administração.

"Acho que essa parte, que é estatal, deve ser devolvida ao Executivo, para que a parte pública [da EBC] tenha independência", disse Breve.

Sucessor de Tereza Cruvinel à frente da EBC, Nelson Breve é o segundo presidente da estatal, criada em 2007 para agrupar as empresas de mídia do governo federal.

A integração de todos os órgãos foi mais difícil do que se imaginava. Cerca de 1.200 funcionários da Associação Cultural e Educativa Roquette Pinto prestam serviços à EBC e estão pendurados no Ministério do Planejamento.

A ideia era que em três anos pudessem ser realizados concursos para admissão de pessoal próprio na estatal. "Pedimos mais dois anos de prazo", afirmou Breve.

AUDIÊNCIA E RELIGIÃO

Segundo dados da EBC, a audiência média da TV Brasil, principal emissora da empresa, é de apenas 0,1 ponto em São Paulo. Em outras capitais, os números ficam quase sempre abaixo de 0,5.

Um exemplo das demandas que consomem a empresa é a pressão de grupos religiosos por espaço na programação da TV Brasil. No momento, a emissora transmite cultos da Igreja Católica (em Brasília e no Maranhão) e da Igreja Batista (no Rio).

A EBC fará uma audiência pública no dia 14 de março para ouvir representantes de várias religiões. A ideia será propor que as igrejas ofereçam programas educativos, que expliquem as crenças em estilo de documentários.

Veja a entrevista completa
folha.com/no1053254

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