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Governo vê R$ 1,70 como piso para cotação do dólar

Equipe de Dilma defende intervenção sempre que limite informal for rompido

Presidente prefere medidas pontuais para segurar câmbio e ajudar indústria a competir com importações

VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA

Decidida a proteger a indústria brasileira, a equipe de Dilma Rousseff fixou informalmente em R$ 1,70 o piso mínimo para a cotação do dólar para permitir a "sobrevivência" do setor industrial.

A decisão da equipe, com aval da presidente Dilma, é intervir no mercado sempre que o valor do dólar ante o real ameaçar romper este piso informal, como ocorreu no final de fevereiro deste ano.

No penúltimo dia do mês passado a cotação do dólar caiu abaixo de R$ 1,70, levando o governo a anunciar, dois dias depois, medidas para conter a valorização do real.

De público o governo não admite ter um piso para o dólar e sempre repetirá que o câmbio é flutuante. A equipe de Dilma, porém, não irá permitir oscilações "abruptas" na taxa de câmbio nem uma desvalorização excessiva.

Apesar de ser considerado um avanço em relação ao ano passado, o piso de R$ 1,70 é considerado baixo pela ala do governo mais próxima dos empresários, que prefere R$ 1,80 como um patamar mais razoável para proteger a indústria dos efeitos do dólar barato ao estimular importações e encarecer exportações.

Em 2011, o governo estava dividido em relação ao câmbio, disputa interna que se acentuou em julho, quando a moeda norte-americana registrou forte queda, chegando a valer menos que R$ 1,55.

De um lado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e o BNDES defendiam uma forte intervenção no mercado. Do outro, o Ministério da Fazenda e o Banco Central optaram por medidas pontuais para manter o dólar na casa de R$ 1,60. Contaram com o apoio de Dilma, preocupada naquele momento com a inflação alta.

A equipe econômica diz que a mudança de posição do Planalto sobre o tema na virada do ano está respaldada no novo cenário econômico.

Primeiro, a inflação hoje está em queda e um dólar entre R$ 1,70 e R$ 1,80 não traz grande pressão inflacionária.

Segundo, o fraco resultado do PIB de 2011, quando o país cresceu apenas 2,7%, acendeu o alerta vermelho, ao mostrar que a indústria foi o setor com pior desempenho -prejudicada pela concorrência de bens importados.

Terceiro, as perspectivas são de aumento, e não de redução, do excesso de dinheiro no mercado internacional, que tende a vir para o Brasil em busca dos juros altos.

Um assessor lembra que, até o final de 2011, Dilma evitava se posicionar sobre medidas cambiais fortes. No início de 2012, porém, informou à equipe que era hora de agir.

O governo não adotará medidas "drásticas" para segurar o câmbio, mas ações pontuais. Se não forem suficientes para conter a valorização, o governo baixará novas.

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