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Em crise, governo admite erro e recua de novo sobre Copa

'Temos de contratar psiquiatras, psicólogos e neurologistas para entender o que aconteceu', afirma relator de projeto

Ministério do Esporte diz que vai liberar explicitamente a bebida alcoólica em estádios do Mundial de 2014

MARIA CLARA CABRAL
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA

A crise na base aliada no Congresso provocou uma sucessão de erros na coordenação política do governo e levou a uma nova reviravolta sobre a venda de bebidas alcoólicas nos estádios da Copa do Mundo de 2014.

Um dia depois de decidir retirar a permissão explícita de bebidas nas arenas da Lei Geral da Copa, sob o temor de não conseguir aprová-la, o governo confirmou que vai recolocá-la no projeto.

A manobra teve como objetivo deixar claro que cumprirá um acordo de 2007 com a Fifa, cujo presidente, Joseph Blatter, chega hoje ao país para conversar com a presidente Dilma Rousseff.

Ontem, o governo admitiu ter havido erro na retirada da permissão para a venda de bebidas, um dia antes.

"Estamos nessa polêmica porque houve um erro, um bate-cabeça do governo. Temos que contratar psiquiatras, psicólogos e neurologistas para entender o que aconteceu", disse Vicente Cândido (PT-SP), relator do projeto da Lei Geral da Copa.

Segundo ele, a confusão se deve também à troca de líderes feita pelo governo no início da semana, com o intuito de apaziguar a crise na base.

"Se fosse o Cândido Vaccarezza [ex-líder do governo, substituído por Arlindo Chinaglia] não seria assim, pois ele já estaria inteirado do acordo com a Fifa", disse ele, que é do grupo ligado ao líder derrubado anteontem.

"A própria ministra Gleisi [Hoffmann, da Casa Civil] admitiu que foi induzida ao erro por assessores [ao dizer que não havia o compromisso com a Fifa]", contou.

ERRO DA CASA CIVIL

A avaliação é que foi a Casa Civil que permitiu o erro, ao não avisar os deputados que discutiam a lei que o governo havia acertado com a Fifa não criar nenhuma restrição ao consumo de bebidas nos estádios -para atender anunciantes da entidade.

Anteontem, após reunião com os deputados na qual foi decidida a retirada da liberação, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) telefonou a congressistas dizendo que a Copa no Brasil estaria ameaçada sem a venda das bebidas.

Ontem, em nota, o Ministério do Esporte reafirmou que vai liberar explicitamente a bebida alcoólica.

"O cumprimento integral das garantias firmadas pelo Brasil com a Fifa para sediar a Copa depende da aprovação do projeto de lei nos termos em que foi apresentado ao plenário", disse o texto, em referência à versão que inclui liberação explícita, anterior ao acordo de anteontem.

A bancada evangélica, que tem 75 deputados (15% da Câmara), voltou a falar que irá tentar derrubar a liberação, o que pode atrasar a votação.

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