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Análise

Medidas do governo devem garantir crescimento, mas são apenas paliativo

EDUARDO COSTA PINTO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Os resultados recentes do PIB, do investimento e, sobretudo, da indústria brasileira fizeram o sinal de alerta aparecer. A situação mais preocupante é a da indústria de transformação/manufaturas, que ficou estagnada em 2011 e continua ladeira abaixo.

A presidente Dilma Rousseff e seu ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuíram os resultados ao agravamento da crise na Europa e nos EUA, uma meia verdade.

O recrudescimento da crise no segundo semestre de 2011 provocou, sim, um arrefecimento. Mas isso só explica parte da história, pois a desaceleração foi também fruto das políticas monetárias contracionistas (elevação dos juros e restrição ao crédito) adotadas pelo Banco Central.

O governo começa a reagir. Uma das primeiras medidas foi reduzir a Selic em 0,75 ponto. Além dos juros, o governo passou a usar seu arsenal para segurar o câmbio (mudanças na tributação de operações com IOF, intervenções do BC no câmbio etc.).

Essas e outras medidas que estão por vir irão reativar a economia, gerando um PIB maior do que 3,5% e uma inflação dentro da meta.

Mas hoje o problema não é o crescimento de curto prazo nem a inflação, e sim a estagnação da indústria.

O câmbio valorizado, as elevadas tarifas de insumos, o sistema tributário disfuncional e os custos elevados de nossa infraestrutura são os fatores que explicam a perda de competitividade.

Preocupado, o governo decidiu ampliar a desoneração da folha de pagamento para mais setores da economia.

A redução dos juros e as medidas voltadas a setores industriais não resolvem. Servem apenas como paliativo.

A questão passa necessariamente pela configuração de políticas de desenvolvimento industrial (apoiadas no mercado interno, nas vantagens competitivas do agronegócio e da mineração e na exploração do pré-sal) articuladas com os investimentos em infraestrutura.

EDUARDO COSTA PINTO é professor da UFRJ, ex-pesquisador do Ipea e doutor em economia pela UFRJ

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