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Grupos preparam dossiês para Comissão da Verdade

Familiares de desaparecidos tentam direcionar apuração para o Araguaia

Ex-militares coletam dados sobre atentados terroristas, roubos e assassinatos cometidos pela esquerda armada

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA

A proximidade da instalação da Comissão da Verdade tem levado grupos ligados à direita e à esquerda a preparar dossiês sobre a luta armada e a repressão na ditadura militar (1964-85).

O objetivo é reunir informações com potencial de influenciar os trabalhos da futura comissão, que aguarda, para sair do papel, a indicação de seus sete membros pela presidente Dilma Rousseff.

A corrida evidencia a batalha pela memória que terá palco na comissão, criada para investigar, sem força para punir judicialmente, violações a direitos humanos entre 1946 e 1988.

"Nossa bíblia será o livro do Ustra", disse à Folha o ex-agente do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de São Paulo Carlos Alberto Augusto em referência ao livro "A Verdade Sufocada", do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, acusado de comandar sessões de tortura -o que ele nega.

O livro narra os crimes praticados pela esquerda. Entre os ex-militares, os dossiês tratam de atentados, roubos a banco e assassinatos cometidos pela esquerda.

Integrantes dessas organizações, como é o caso de Dilma, foram relacionados para eventuais convocações.

No campo oposto, um dos temas que a esquerda quer investigar é a guerrilha do Araguaia (1972-1975) -da qual 2 dos cerca de 70 mortos foram identificados.

"Os repressores terão fontes documentais cuja confiabilidade será questionada, pois foram produzidos por eles próprios. Os perseguidos deverão se amparar na força do testemunho", diz Paulo Abrão, presidente da Comissão da Anistia do governo.

"Estou fazendo de tudo e levantando o que posso para levar o caso à comissão", afirmou Waldomiro Baptista sobre Marco Antônio, seu irmão e o desaparecido mais jovem da ditadura, provavelmente morto em 1970, aos 15 anos.

Um grupo de 12 ex-militantes de esquerda e familiares de mortos que, em 2011, recebeu acesso aos documentos do Arquivo Nacional também prepara um levantamento.

APOIO

Após um manifesto com críticas ao governo e à Comissão da Verdade, já assinado por mais de mil militares da reserva, agora um novo texto, também de integrantes das Forças Armadas, saiu em defesa do futuro órgão.

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