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Barcos do Ministério da Pesca estão parados há 1 ano em SC

Empresa quer cobrar do governo R$ 400 mil que diz ter gasto em conservação

Dono da Intech confirma pedido da pasta para realizar doação ao PT; TCU vê irregularidade na aquisição das lanchas

RODRIGO VIZEU
ENVIADO ESPECIAL A FLORIANÓPOLIS

Lanchas que o Ministério da Pesca encomendou em 2009 estão paradas há cerca de um ano sob sol, chuva e sujeira, apresentando problemas devido à falta de uso.

Estocadas em uma marina em Biguaçu, na região metropolitana de Florianópolis, as quatro embarcações remanescentes das 28 contratadas pela pasta, no valor de R$ 31 milhões, estão entre os poucos barcos do local que não possuem lonas de proteção.

Os responsáveis por guardá-las dizem que se o ministério não comprou capas, que custariam entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, não seriam eles quem iriam adquirir.

As lanchas da Pesca ganharam visibilidade após o dono da empresa que as fabricou, José Antonio Galizio, da Intech Boating, revelar que doou R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina, a pedido do ministério, nas eleições de 2010.

À época, a candidata do PT ao governo era a atual ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que foi empossada ministra da Pesca após perder a eleição.

O TCU (Tribunal de Contas da União) apontou irregularidades na licitação das lanchas, como superfaturamento e direcionamento, o que é negado por Galizio.

O empresário calcula que já gastou quase R$ 400 mil com a conservação das lanchas e quer cobrar do ministério.

Responsável pela manutenção das lanchas, destinadas a Vitória, Maceió, Recife e Natal, o gerente da Intech, Luiz Henrique Galizio, irmão do dono da empresa, disse que os efeitos do tempo ocasionam problemas técnicos.

Baterias tiveram que ser trocadas, uma barra de apoio quebrou e são visíveis desgastes e arranhões nos cascos.

"Barco um ano parado é caixão", disse.

Galizio contou que uma balsa salva-vidas de cerca de R$ 10 mil já perdeu a validade. Ele descarta substituição.

Em entrevista em seu escritório, o empresário José Galizio disse que o primeiro pedido de doação foi feito por um funcionário do Ministério da Pesca, em setembro de 2010.

"Ele falou: 'Pô, estamos em campanha. Você, como parceiro, como fornecedor, poderia fazer uma doação'".

Galizio disse não saber precisar o nome do funcionário.

Na época, o ministro era Altemir Gregolin, também do PT, que não foi encontrado ontem.

Galizio disse ter negado o pedido, levando a uma nova ligação dessa vez de uma mulher do PT catarinense, que ele disse não lembrar quem era.

O ex-ministro da Pesca Luiz Sérgio disse que o pedido de doação foi um "malfeito", conforme publicado ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

A assessoria de Ideli negou relações com a Intech. O Ministério da Pesca disse que pediu "um plano de trabalho para solucionar as pendências que impedem a plena utilização" das lanchas.

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