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Extrativista é morta após conflito com madeireiros em RO

Caso da trabalhadora rural Dinhana Nink, 27, que levou um tiro de espingarda no rosto, é investigado pela polícia

KÁTIA BRASIL
DE MANAUS

A Polícia Civil de Rondônia investiga a morte de uma trabalhadora rural de 27 anos, em área de conflito agrário na divisa com o Amazonas.

Dinhana Nink foi morta no último dia 30, com um tiro de espingarda no rosto, na frente de um dos filhos, em Nova Califórnia (RO).

A polícia suspeita que a morte esteja relacionada ao conflito entre extrativistas e madeireiros ilegais na região.

Até novembro de 2011, Nink morava no Projeto de Desenvolvimento Sustentável Gedeão, em Lábrea (703 quilômetros de Manaus), município amazonense na divisa com Rondônia e Acre.

O projeto é uma modalidade de assentamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para a preservação dos recursos naturais da área.

Nink era extrativista de castanha e tinha com o pai, Ermelindo Nink, 50, um bar no assentamento, criado em 2007 e com 12 mil hectares.

Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), ela era alvo de ameaças porque fazia denúncias sobre extração ilegal de madeira no local.

Em 2011, quando Nink buscava refúgio na vila de Nova Califórnia, teve a casa no assentamento incendiada.

Segundo seu pai, ele e a filha esperavam desde 2009 a regularização, pelo Incra de um lote dentro do projeto.

Um ano depois, afirma, Nink começou a denunciar duas pessoas do projeto por extração ilegal de madeira e grilagem. "Ela foi muito ameaçada, e eu também. Eles nos obrigaram sair de lá para não ter mais mortes", afirmou.

O Incra no Amazonas informou que a família está classificada como "ocupante irregular" da área.

O sul de Lábrea é conhecido como "faroeste amazônico" devido aos conflitos por terra, mortes e pistolagem.

AMEAÇADOS

Em 2011, a CPT divulgou lista de nove pessoas ameaçadas na região. Os nomes foram repassados à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República com um pedido de proteção.

A reportagem não conseguiu contato ontem com a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência.

A comissão informou que o nome da extrativista não estava na lista de ameaçados porque ela não havia procurado a entidade.

"A gente trabalha por demanda, e só damos apoio a pessoas que nos procuram", disse a coordenadora Francisneide Lourenço.

Ela afirmou que o caso da extrativista chegara ao conhecimento da CPT apenas em janeiro. "O nome dela entraria na lista de pessoas ameaçadas para ser divulgada em 2013, infelizmente."

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