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PF vê elo entre construtora e Cachoeira

Segundo relatórios, há indícios de que dinheiro vindo da Delta abasteceu contas de empresas fantasmas ligadas ao jogo

Diretor regional da empreiteira acabou afastado depois de ter sido denunciado pelo Ministério Público

FILIPE COUTINHO
FERNANDO MELLO
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

A Polícia Federal levantou suspeitas de que a empreiteira Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, fez parte do esquema montado pelo grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar uma rede de jogo ilegal.

Segundo relatórios de inteligência da PF na Operação Monte Carlo, há indícios "de que a maior parte dos valores que 'entram' nas contas de empresas fantasmas [ligadas ao grupo do empresário] é oriunda da empresa Delta".

Em relatório de novembro, a PF diz ter levantado "indícios de que parte de recursos da empresa Delta transferidos para empresas fantasmas são destinados a pessoas físicas e jurídicas vinculadas direta ou indiretamente à estrutura do jogo de azar".

De acordo com as investigações, foi possível confirmar sociedade "secreta" entre Cachoeira e Claudio Abreu, então diretor regional do Centro Oeste da empreiteira, afastado depois de ser denunciado pelo Ministério Público Federal. Ninguém mais da Delta foi denunciado.

Um depósito bancário rastreado, segundo a PF, seria "possivelmente referente ao retorno dos pagamentos superfaturados que a empresa Delta ganha com os seus contratos com o poder público".

A Delta faturou, desde 2004, R$ 3,6 bilhões do governo federal. A empresa atua em diversas áreas, de construção a energia, passando pela coleta de lixo.

No Distrito Federal, o principal contrato é de coleta de lixo -recebeu R$ 140 milhões nos últimos três anos.

O nome de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz (PT), é citado em gravação da PF. Monteiro admite que recebeu aliados de Cachoeira para tratar de contratos da Delta: as reuniões foram com Claudio Abreu e o sargento aposentado Idalberto Matias, o Dadá, que teria se apresentado como presidente da associação de varredores.

NEGÓCIOS PRIVADOS

A PF transcreve dezenas de diálogos em que o nome da Delta aparece. Segundo a investigação, Cachoeira marcou encontros com informantes no prédio da empresa em Goiânia -a Delta recebeu mais de R$ 100 milhões do governo goiano desde 2010.

Em 14 de junho de 2011, Cachoeira telefonou para um policial federal apontado como seu informante para saber sobre possíveis batidas. O empresário pergunta: "E com a Delta, alguma coisa?".

No dia 8, um dos aliados de Cachoeira, Gleyb Ferreira, conversava com o policial federal Deuselino Valadares, também denunciado.

"Não precisa mexer com nada público, mexer só com empresa privada, que é melhor, acabar com esses contratos da empresa pública, como governo e tal, largar esses trem tudo [sic] que só dá problema", disse o policial.

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