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CACHOEIRAGATE/INVESTIGAÇÕES

Senador foi acionado para transferir presos

Conversa gravada pela PF mostra que empresário pediu a Demóstenes que levasse pleito a governador de Goiás

PF diz que objetivo era beneficiar suposto grupo de extermínio; autoridades negam ter recebido pedido

FERNANDO MELLO
NATUZA NERY
LEANDRO COLON
DE BRASÍLIA

Um diálogo gravado pela Polícia Federal no dia 3 de março de 2011 mostra que o empresário Carlinhos Cachoeira pediu ajuda ao senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) para transferir policiais militares acusados de integrar um grupo de extermínio no Estado.

A interceptação telefônica reforça a suspeita da PF sobre um possível envolvimento do esquema Cachoeira com o crime organizado.

Os policiais estavam detidos no presídio federal de Campo Grande (MS), após serem presos em uma outra operação da PF realizada em fevereiro de 2011, a Sexto Mandamento. A ação da polícia apontou, à época, a existência de um grupo de extermínio entre PMs goianos.

Na conversa, Cachoeira pede que Demóstenes ligue para o governador de Goiás, Marconi Perillo, para que interceda em favor dos presos por meio de Ronald Bicca, ex-procurador-geral do Estado.

No diálogo, o senador responde que o Ministério Público precisaria dar um parecer aprovando a transferência, e que era "só esperar o procurador assumir, que ele já falou com a turma para dar parecer favorável".

Dez dias depois, o irmão de Demóstenes, Benedito Torres, assumiu o cargo de procurador-geral do Ministério Público Estadual, ou seja, chefe dos promotores que atuaram na operação e que deveriam dar o parecer.

Todos os pareceres, porém, foram contrários à transferência, que, mesmo assim, foi autorizada pela Justiça. Os presos foram transferidos para Goiânia em junho de 2011.

O Ministério Público afirma que, em "respeito ao MP-GO e aos promotores que atuaram com seriedade na Operação Sexto Mandamento, as perguntas cabem ser feitas ao senador que propalou ao empresário Carlos Cachoeira, e vice-versa, suposta influência em todos os níveis (dos três poderes à imprensa)".

Segundo o promotor Lauro Nogueira, chefe de gabinete do atual procurador-geral Benedito Torres, "o sentimento na classe é de indignação e perplexidade pelas leviandades divulgadas nos diálogos interceptados, que apontam suposta ingerência no trabalho dos promotores".

Por meio da assessoria, Perillo disse que a hipótese de o senador tê-lo procurado para tratar da transferência é "completamente descabida".

"Jamais tolerei qualquer ação ilícita ou criminosa na Segurança Pública ou em qualquer área do governo."

O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Castro, diz que não pretende rebater os áudios por considerar que foram obtidos pela polícia de forma ilegal.

A defesa de Cachoeira diz que as provas são ilegais.

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