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Cachoeiragate/Investigação

Os alvos da CPI do cachoeira

Políticos e empreiteira campeã no recebimento de recursos federais estão na mira de comissão

Lula Marques/Folhapress
Carlos Cachoeira, acusado de comandar esquema de corrupção
Carlos Cachoeira, acusado de comandar esquema de corrupção

DE BRASÍLIA

Preso desde o dia 29 de fevereiro após a deflagração da Operação Monte Carlo, o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, é acusado de comandar um esquema de exploração de jogos ilegais e de corrupção que envolveria congressistas de seis partidos diferentes, integrantes do governo de dois Estados e a empreiteira campeã no recebimento de recursos do Executivo federal. Veja quem são os principais alvos da CPI que investiga as relações do empresário.

DEMÓSTENES TORRES SENADOR (EX-DEM-GO)

AS SUSPEITAS
O senador tinha relação próxima com Cachoeira e, segundo indicam as gravações, atuava no Congresso, no Judiciário e no Executivo em prol de interesses do empresário. A Procuradoria-Geral da República diz que ele recebeu R$ 3,1 milhões do grupo

LOBBY NO EXECUTIVO
Senador ajudou a abrir portas na Anvisa para representantes de laboratório controlado por Cachoeira. Também disse ter pedido a Fernando Haddad (Educação) reunião para discutir pendência em faculdade de aliado do empresário

LOBBY NO CONGRESSO
Acompanhava e informava Cachoeira sobre a tramitação de projetos de interesse do grupo, como o que tratava dos jogos

LOBBY NO JUDICIÁRIO E NO MINISTÉRIO PÚBLICO
Após receber pedido de Cachoeira, Demóstenes diz que atuaria para promover a transferência de MS para GO de PMs acusados de integrar grupo de extermínio

CARGOS
Demóstenes acionou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e conseguiu emprego no governo de MG para parente de Cachoeira. O tucano diz que desconhecia parentesco da funcionária

ALERTA
O senador, que é procurador de Justiça, avisou o grupo de Cachoeira de que haveria operação policial e do Ministério Público de combate a caça-níqueis

NEGÓCIOS
Demóstenes é apontado como sócio oculto da Delta, já que em grampos aparece trabalhando por interesses da empresa, como na ocasião em que, diz a PF, negociou para que a Prefeitura de Anápolis (GO) pagasse dívida de R$ 20 milhões à empreiteira

PAGAMENTO
Senador ganhou R$ 3,1 milhões do grupo, segundo o Ministério Público. Demóstenes também recebeu presentes de Cachoeira, entre eles um lote do vinho Cheval Blanc, lote 1947

O QUE DIZ A DEFESA
Não se manifesta sobre diálogos isolados. Afirma que essas gravações são ilegais, por terem sido feitas sem autorização do Supremo (senadores têm foro privilegiado)

AGNELO QUEIROZ GOVERNADOR (PT-DF)

AS SUSPEITAS
Integrantes de seu governo tinham relação próxima com o grupo de Cachoeira, cujo interesse estaria no contrato da Delta com o DF para coleta de lixo.

INFLUÊNCIA
O então chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, recebeu de Cachoeira um aparelho de telefone supostamente a prova de grampo. Monteiro também teria tido reuniões com o grupo. Segundo a PF, há suspeita de pagamento de propina para que a Delta recebesse verbas do governo do DF

NEGÓCIOS
Grupo de Cachoeira negociava propinas para receber pagamento por contratos da Delta no DF, indicam escutas

RELAÇÃO
Um dia depois de negar, Agnelo admitiu que se encontrou uma vez com Cachoeira, quando era diretor na Anvisa. O empresário também atua no ramo farmacêutico. Petista afirma que conversa girou em torno de amenidades

GRAMPOS
Adversários de Agnelo teriam sido monitorados ilegalmente por integrante da Casa Militar do governo que tem contato com o grupo de Cachoeira

O QUE DIZ A DEFESA
Nega relação do governador com Cachoeira e influência dele no governo do DF

DELTA CONSTRUÇÕES

AS SUSPEITAS
Empresa, que é campeã no recebimento de recursos do Executivo federal, atuaria conjuntamente com o grupo de Cachoeira na obtenção de contratos com o poder público. Tanto Cachoeira quanto Demóstenes são apontados na investigação como sócios ocultos da empreiteira

CONEXÃO GOIÁS
O diretor da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que foi demitido e atualmente está preso, era parceiro de Cachoeira

CONEXÃO SP
Cachoeira tinha contato direto com diretor da Delta em SP e na região Sul, Heraldo Puccini Neto, contra quem há ordem de prisão

CONEXÃO DIRETA
O presidente da empresa, Fernando Cavendish, sabia das ações de Cláudio Abreu no DF e em GO, segundo a PF. O número 2 da empresa, Carlos Pacheco, também tinha participação no grupo, diz a investigação. Em meio à crise, os dois se licenciaram da administração da empresa

O QUE DIZ A DEFESA
A Delta abriu uma auditoria para identificar o que foi feito pela direção da empresa no Centro-Oeste. Nega irregularidades em contratos públicos e diz que é vítima de vazamentos "parciais e descontextualizados" de áudios

MARCONI PERILLO GOVERNADOR (PSDB-GO)

AS SUSPEITAS
Integrantes e aliados do governador têm atuação próxima a Cachoeira, entre eles três funcionários do alto escalão do governo, que foram exonerados após serem citados em gravações da Operação Monte Carlo. Sua então chefe de gabinete, por exemplo, teria recebido de Cachoeira presentes e informações sigilosas sobre operações policiais. Em escutas, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB), aliado de Perillo há mais de 20 anos, dá a entender que Cachoeira fazia nomeações de pessoas para cargos do governo

RELAÇÃO
No início das investigações, Perillo disse que tinha relação "quase inexistente" com Cachoeira. Segundo ele, os encontros que teve como o empresário foram protocolares. Em uma escuta interceptada pela PF, entretanto, ele liga para cumprimentar Cachoeira por seu aniversário e sinaliza intimidade

Rapaz, faz festa e não chama os amigos?", diz Perillo, em telefonema de 2011 para congratular Cachoeira por seu aniversário

INFLUÊNCIA
Grupo de Cachoeira tinha relação com servidores de confiança do governador, como sua ex-chefe de gabinete, Eliane Pinheiro, para quem, diz a PF, bancava viagens e presentes. Outro que constantemente se comunica com Cachoeira é o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez (PSDB), aliado de Perillo

PAGAMENTO
Cachoeira enviou dinheiro a aliado de Perillo que estaria dentro do palácio do governo, apontam áudios captados pela PF. Tucano diz que suspeita é "leviana".Além disso, Cachoeira ordena, em um grampo, entrega de dinheiro "para o governador". Perillo nega ter negociado com Cachoeira e diz que vendeu imóvel seu para outra pessoa, sem saber que ela teria relação com Cachoeira. O empresário foi preso nesse imóvel

O QUE DIZ A DEFESA
Nega qualquer influência de Cachoeira no governo. Afirma que o governador mantém apenas uma relação "esporádica" com o empresário

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