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Mercado segue governo, e dólar sobe

Investidores reagem a declarações de presidente e à mudança na poupança e passam a apostar em juros de 8,5%

Moeda americana vai a R$ 1,925, embalada por cenário externo e apostas de que governo manterá valorização

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

No primeiro dia útil após as declarações da presidente Dilma Rousseff na TV, investidores levaram a cotação do dólar a R$ 1,925, o mais alto valor desde julho de 2009.

Em pronunciamento na última segunda-feira à noite, a presidente reafirmou que o governo pretende defender a indústria brasileira, cuja produção está sendo afetada pela concorrência com os importados. E, para isso, o governo busca a desvalorização do real frente ao dólar.

No mês passado, o Banco Central intensificou intervenções no mercado, forçando a alta do dólar, e o ministro Guido Mantega (Fazenda) reafirmou, em Washington, o objetivo publicamente. Como resultado, a moeda americana registra alta de 3% no ano.

Mas no mercado ontem pesou principalmente a informação de que o governo pretende mexer na remuneração da poupança para continuar cortando os juros.

Uma taxa mais baixa tende a diminuir a atração de estrangeiros por aplicações no Brasil, o que pode retirar parte do fluxo de dólares que atualmente deságua no Brasil e que vinha provocando valorização da moeda brasileira.

Para economistas, os investidores estão seguindo os sinais emitidos pelo governo.

"Até agora quem não está 'brigando' com o Banco Central está ganhando. Os juros estão caindo e o dólar, subindo", afirma José Alfredo Lamy, sócio da Cenário Investimentos. "O mercado parece querer saber agora qual será o limite de alta [do dólar]".

No mercado futuro de juros, as apostas para a taxa em janeiro de 2013 caíram 1,5%, para 8,16% ao ano.

Pesquisa da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), divulgada ontem, mostra que ganharam força as projeções de que o BC vai testar novo piso para a taxa de juros, hoje em 9% ao ano.

A opinião majoritária dos 31 entrevistados, colhida entre 26 e 30 de abril, é que o BC levará a taxa para 8,5% ao ano até julho, marca inédita.

Segundo o economista-chefe da Febraban, Rubens Sardenberg, analistas passaram a prever em suas projeções "uma recuperação [da economia] um pouco mais lenta do que se imaginava".

A atividade mais fraca dá espaço para que o BC continue cortando juros para reativar o crescimento.

Além do front interno ditando um ritmo de valorização do dólar, no mercado externo a moeda americana também passa por um momento de valorização, resultado de incertezas na Europa e dados negativos sobre o emprego nos EUA.

Com isso, o dólar se valorizou frente ao euro e a moedas de países como o Canadá, porém numa intensidade menor do que no Brasil.

"Esse movimento está sendo potencializado no Brasil pela decisão do governo de deixar o dólar mais forte por aqui", diz Lamy.

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