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Crise derruba Bolsas e faz dólar disparar

Incerteza na Europa causa tumulto nos mercados e provoca valorização da moeda americana no mundo inteiro

Cotação do dólar vai a R$ 2 com declarações de Mantega; perda na Bovespa quase anula ganho obtido neste ano

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

Incertezas políticas na Europa provocaram tumulto nos mercados do mundo inteiro ontem, derrubando a Bolsa de Valores de São Paulo e fazendo a cotação do dólar atingir R$ 2 no Brasil.

O dólar alcançou R$ 2 logo depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarar que o governo não fará nada para frear a valorização da moeda americana.

"O dólar alto beneficia a economia brasileira", disse Mantega. Segundo ele, o governo "nunca estabeleceu parâmetro para o dólar" e deixará o câmbio flutuar.

A moeda fechou valendo R$ 1,99, com alta de 1,74%. O Ibovespa, principal índice de ações no Brasil, caiu 3,21% e fechou aos 57.539 pontos.

A Bolsa brasileira foi uma das que mais teve perdas no mundo. O Ibovespa bateu o nível mais baixo desde 29 de dezembro, praticamente anulando os ganhos deste ano.

O principal motivo apontado pelos analistas para a instabilidade nos mercados era a dificuldade dos partidos políticos da Grécia de formar um novo governo de coalizão.

O impasse reforça as dúvidas sobre a permanência do país no euro e a recuperação da atividade na Europa. Com a turbulência, investidores optaram por opções mais seguras e valorizaram o dólar.

Em evento no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff disse que a instabilidade trouxe de volta "vários fantasmas" que pareciam ter sido afastados pelas medidas adotadas pelos países ricos para combater a crise.

O governo conta com a alta da moeda americana para reanimar a indústria nacional e estimular o crescimento da economia. O dólar mais caro inibe importações e estimula as exportações.

Mas essa valorização também eleva os custos de produção e provoca aumentos de preços no Brasil, gerando pressões para que o governo intervenha para evitar que a inflação escape ao controle.

O real é a moeda que mais se desvalorizou em relação ao dólar num grupo de nove países nos últimos três meses.

"O câmbio no Brasil está sendo influenciado pela expectativa de que o governo deseja o real desvalorizado", diz Natan Blanche, sócio da consultoria Tendências.

Na avaliação da equipe da presidente Dilma Rousseff, o risco de que a alta do dólar gere inflação ainda é pouco preocupante por dois motivos: o impacto do câmbio nos preços diminuiu nos últimos anos e o Banco Central tem como reagir, se preciso.

Mesmo assim, técnicos avaliam que o governo deve evitar que o dólar se descole dos R$ 2. Até esse patamar, a avaliação é que não há pressão sobre a inflação, não comprometendo a estratégia de seguir reduzindo os juros. (CAROLINA MATTOS, MARIANA CARNEIRO, PRISCILLA OLIVEIRA E VALDO CRUZ)

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