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Análise

Petistas e tucanos já preparam discursos para o horário na TV

VERA MAGALHÃES
EDITORA DO PAINEL

Ao inédito choque de trens do metrô sobreveio, imediatamente, uma trombada entre PT e PSDB que vai desembarcar no horário eleitoral na campanha paulistana.

Os tucanos acusam os petistas de "comemorar" o acidente que deixou 49 feridos na semana passada. Isso porque as imagens de pessoas sendo socorridas em macas e ambulâncias reforçou o discurso que o candidato do PT, Fernando Haddad, vinha martelando, de "apagão" no transporte de São Paulo.

Os partidários de Lula e Dilma Rousseff respondem que não se trata de celebrar, mas sim de constatar a ineficiência do modelo tucano de gestão nos transportes.

Para tentar comprovar a tese, os petistas pretendem levar números negativos no setor que não pouparão nem a gestão de Mario Covas, que morreu em 2000, em seu segundo mandato no governo.

Ao argumento do governador Geraldo Alckmin de que o Estado investe maciçamente na ampliação da malha de metrô e trens da CPTM, o PT pretende responder que a execução dos recursos previstos no Orçamento é baixa.

Voltarão à cena, na propaganda petista, as acusações de desvios em compra de trens pelo governo tucano da empresa francesa Alstom.

Para completar o discurso eleitoral, o PT pretende agregar um ingrediente que costuma fazer sucesso na guerrilha virtual nas redes sociais: o discurso da luta de classes, em que acusam os tucanos de governar "para os ricos".

Dirão auxiliares de Haddad que a expansão da malha ferroviária atendeu, nos últimos anos, principalmente a bairros de classe média e média alta, como Vila Madalena, Pinheiros e Jardins.

Com isso, discursam os petistas, os "pobres" e os "trabalhadores" levam mais tempo para se deslocar nos trens da CPTM e do Metrô e ainda ficam sujeitos a panes e acidentes que seriam decorrentes da sobrecarga do sistema.

Com uma estratégia assim concebida para desgastar a candidatura de José Serra e o governo do Estado, os tucanos parecem pouco mobilizados para reagir.

Alckmin, que vinha numa fase de lua de mel com Dilma, tem acusado os adversários de "baixaria", mas, por ora, não demonstra disposição de mudar a cúpula dos transportes metropolitanos.

A dupla Jurandir Fernandes, secretário da pasta, e Peter Walker, presidente do Metrô, sofre contestações no próprio tucanato, principalmente de aliados de Serra, que viu seus assessores para a área serem escanteados.

O PSDB vai insistir no discurso de que, quando foi prefeita, Marta Suplicy nada investiu em parcerias para ampliar o Metrô, e que, no governo federal, o PT não transfere recursos para o setor.

Para isso, também vai esgrimir números na TV.

Mas, para que o prejuízo eleitoral não se concretize, os tucanos sabem que precisam contar com um período longo de normalidade no funcionamento dos transportes -algo difícil de controlar.

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