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Dilma diz não odiar nem perdoar torturador

Presidente afirma que o desejo de vingança torna a pessoa 'dependente de quem você quer se vingar ou magoar'

Segundo ela, é difícil identificar seus algozes porque não usavam seus nomes verdadeiros na sessões de tortura

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Ao comentar um depoimento concedido em 2001 e divulgado agora, no qual relata detalhes sobre sua prisão aos 22 anos, ameaças e tortura, a presidente Dilma Rousseff disse ontem ser difícil identificar seus algozes.

"Algumas das figuras que me torturaram não tinham nomes verdadeiros", disse a presidente, durante entrevista concedida na Rio+20.

Segundo ela, "a questão não é o torturador, é a tortura" e o contexto que permite tal tipo de crime.

"Uma das melhores coisas que aconteceram é não me fixar nas pessoas", disse.

Sobre seus sentimentos a respeito do seu tempo de prisão e da tortura, no início da década de 1970, Dilma afirmou: "Nem ódio nem vingança, mas também tampouco perdão".

A mesma expressão foi usada por ela em maio durante ato da instalação da Comissão da Verdade.

"Vingar-se [de alguém] ou magoar [alguém] é ficar dependente de quem você quer se vingar ou magoar", afirmou a presidente.

A íntegra do depoimento foi publicada ontem pela Folha. Parte do relato havia sido divulgado no domingo pelos jornais "Correio Braziliense" e "Estado de Minas".

Em 2001, ela deu um depoimento ao Conselho dos Direitos Humanos de Minas Gerais, num processo para que ela pudesse ser indenizada pelo Estado.

No ano seguinte, ela recebeu R$ 30 mil pela prisão em Minas Gerais.

No relato, Dilma fala em medo, dor, choques, palmatórias e as marcas que ficaram disso tudo.

Entre as ameaças, cita uma encenação de fuzilamento e frases como "você vai ficar deformada", "ninguém vai te querer", "vai virar presunto".

As sessões de tortura aconteceram em Juiz de Fora (MG), para onde ela foi levada em janeiro de 1972.

Presa durante quase três anos na ditadura, sabia-se até o momento que ela havia sido torturada por militares em São Paulo e no Rio.

Nesta semana, a Comissão da Verdade decidiu requisitar os documentos encontrados no conselho.

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