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Mensalão o julgamento

Advogado de Duda diz que procurador foi 'ardiloso'

Kakay ataca chefe do Ministério Público com ironia em restaurante

Advogado será último a falar na próxima fase do julgamento e critica calendário estabelecido pelos ministros do STF

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, subiu o tom ontem ao criticar o desempenho do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no processo do mensalão.

Defensor do publicitário Duda Mendonça, Kakay será o último a falar na próxima fase do julgamento, em que os advogados dos acusados terão uma hora cada um para defender seus clientes.

Kakay acusou Gurgel "de desonestidade intelectual" e disse que ele pinçou trechos desconexos de depoimentos e "cacos" de informação que não fazem parte do processo, para sustentar sua denúncia.

"Gurgel faltou com lealdade. Foi mais do que ardiloso", afirmou. "Provavelmente não foi ele quem escreveu. Deve ter sido um dos seus braços."

Kakay desferiu ironias contra Gurgel de sua tribuna particular, o piano bar do Piantella, restaurante de que é sócio em Brasília. Ao anunciar que cantaria uma música de Chico Buarque, ele provocou novamente o procurador.

"Vou cantar uma música de verdade do Chico", avisou Kakay, antes de entoar "Todo o Sentimento", de 1987. Ao falar pela acusação no plenário do Supremo na última sexta-feira, o procurador-geral citou trechos de outra música de Chico, "Vai Passar".

Kakay queixou-se do cronograma estabelecido pelo tribunal para as manifstações dos advogados, que segue a ordem em que as condutas dos réus são descritas pela denúncia da Procuradoria.

"Gurgel fala o que quiser, vira herói nacional e só vou contestá-lo 15 dias depois", disse Kakay. "O [advogado] José Carlos Dias disse para mim: 'Eu vou acabar com ele'. Respondi: 'Esquece. Temos que fazer esse combate na imprensa. Daqui a 15 dias, pode mos até tirar o defunto da sala. Mas o cheiro continua'."

O advogado cantou durante a festa de aniversário do pianista do seu restaurante. Numa alusão ao STF, sugeriu que os fregueses experimentassem um novo item do cardápio, "o supremo corte".

Na avaliação de Kakay, o Ministério Público Federal "inocentou o ex-ministro José Dirceu" ao não apresentar provas consistentes contra ele, mas o procurador-geral não teve "coragem" de pedir sua absolvição sexta-feira.

Colaboraram MÔNICA BERGAMO, colunista da Folha, e FLÁVIO FERREIRA, enviado especial a Brasília

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