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Mensalão o julgamento

Petista que levou Valério a Dirceu diz não se arrepender

Virgílio Guimarães conta que apresentação de publicitário ao ex-ministro, na campanha de 2002, foi uma 'coisa social'

Ex-deputado, que hoje assessora Patrus em BH, diz não se sentir 'nem um pingo responsável' pelo ocorrido depois

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

Ele foi o passaporte de Marcos Valério para o PT. Apresentou o empresário ao deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), ao ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, e ao ex-ministro José Dirceu, todos réus do mensalão.

Levou, também a pedido de Valério, a cúpula do Banco Rural ao Banco Central. Mas, diferentemente dos outros, passou distante da lista de réus do julgamento do mensalão no STF.

Trata-se do ex-deputado federal Virgílio Guimarães, 63. Hoje ele circula pelos ministérios como representante da Assembleia Legislativa de Minas Gerais em Brasília, função que acumula com a de coordenador da campanha de Patrus Ananias (PT) à Prefeitura de Belo Horizonte.

Concursado da Assembleia e integrante do Diretório Nacional do PT, Virgílio manteve até este ano seus indicados em postos-chave da administração do atual prefeito, Marcio Lacerda (PSB).

O petista, amigo do ex-presidente Lula, também atua como um assessor informal do filho, Gabriel, na Câmara dos Deputados.

DIRCEU

Conterrâneo de Valério, já condenado pelo Supremo por corrupção ativa, peculato (desvio de dinheiro por servidor) e lavagem de dinheiro, Virgílio lembra o dia em que o apresentou a José Dirceu em um restaurante de Brasília.

"Era segundo turno da eleição presidencial, Lula muito bem, aquela efervescência. Percorri por várias mesas. Fui apresentando", conta ele.

Virgílio se diz indignado por seu depoimento ter sido usado no processo do mensalão como prova contra Dirceu por formação de quadrilha. "Não sou testemunha disso. Simplesmente porque me cortaram de tudo", reage.

O ex-ministro ainda não começou a ser julgado no STF. Pelo ritmo verificado até aqui, é possível que a análise dessa acusação contra Dirceu fique para depois do segundo turno das eleições.

"Jamais procurei Dirceu para o apresentar, diferentemente de outras pessoas com quem tive mais empenho na relação de Marcos Valério, como o Delúbio e o João Paulo."

Virgílio conta que, como suas famílias mantinham laços em Curvelo (MG), procurou Valério em 2002 atrás de apoio material para a campanha à Câmara dos Deputados.

No segundo turno, com a iminente vitória de Lula para a Presidência, foi a vez de Valério pedir ajuda a Virgílio. "Ele me procurou dizendo que tinha contratos com o governo do PSDB e pedindo para ser apresentado ao PT."

Foi o que Virgílio fez. Frisando que ele e seu grupo ficaram de fora do núcleo de decisões do primeiro governo Lula, repete que não teve influência sobre o que pode ter acontecido depois.

Ele se declara um homem de sorte e diz que não guarda arrependimentos. "Não posso nem me arrepender. Não me sinto nem um pingo responsável. O que eu fiz no caso do Dirceu foi uma coisa social. Não sei se teve depois continuidade ou não."

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