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Análise / Datafolha Estabilidade reflete falta de debate sobre cotidiano Foco dos candidatos em tema único deixa em segundo plano assuntos que interessam a maior parte dos eleitores HADDAD E SERRA PRECISAM TRATAR DE ASSUNTOS QUE GEREM PROXIMIDADE MAURO PAULINODIRETOR DO DATAFOLHA ALESSANDRO JANONI DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA Assuntos que desconsideram a rotina da cidade costumam ter pouco efeito na disputa pela prefeitura. No primeiro turno, por exemplo, a desconstrução de Celso Russomanno (PRB) não se deu por aspectos religiosos ou pelo apoio político que recebia, mas pelos ruídos de sua proposta na área do transporte público. A estabilidade do quadro em São Paulo pode indicar a ausência de pontos relevantes para o cotidiano do eleitor no discurso adotado pelos candidatos na reta final. A opção por limitar o debate a temas específicos tende a despertar o interesse de determinados segmentos do eleitorado, mas não necessariamente alcançar a maioria da população de São Paulo. Como o Datafolha demonstrou com o projeto DNA Paulistano, a matriz de problemas da cidade é tão heterogênea e complexa quanto sua subdivisão administrativa. Os 96 distritos da capital demandam ações diferentes, com o desenvolvimento de políticas públicas adequadas às dinâmicas das regiões. O predomínio da área da saúde no debate entre os candidatos Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) nos últimos dias justifica-se pelas notas baixas que a oferta de serviços do setor obtém na maioria dos bairros da capital e no alto grau de importância atribuído espontaneamente ao assunto. Porém, o foco insistente em tema único remete a segundo plano assuntos que interessam a maior parte dos eleitores e que deixam de ser destacados na campanha. O DNA mostra, por exemplo, que o tópico que mais piorou na cidade nos últimos quatro anos foi a ocorrência de enchentes. Quanto os candidatos trataram do tema? Quais são as propostas para a solução do problema nos bairros onde ele é mais grave? Em época de chuvas, o transtorno provocado pelas enchentes é geral e tem reflexos sobre todos os segmentos do eleitorado. Talvez por isso, 54% dos paulistanos afirmam que os candidatos falaram menos do que deveriam a respeito dos problemas cotidianos, 76% acabam por julgá-los despreparados e 17% continuam sem escolher nenhum deles. Para cativar o eleitor, os candidatos Haddad e Serra precisam tratar de assuntos que gerem proximidade. As enchentes devem ser um dos primeiros desafios do próximo prefeito e constitui geralmente o fiel da balança na popularidade do que ocupa o cargo nos emblemáticos cem primeiros dias. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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