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Kassab recontrata servidor que usou cargo para criar PSD

Exonerado após pegar assinatura de repórter da Folha dentro de gabinete, funcionário volta à administração

Prefeitura diz que não houve uso da máquina e que o empregado 'prima pela competência' no desempenho de funções

DANIELA LIMA
DANIEL RONCAGLIA
DE SÃO PAULO

O prefeito Gilberto Kassab reconduziu a um cargo de chefia servidor que foi exonerado após usar a Subprefeitura da Freguesia do Ó (zona norte da capital) para coletar assinaturas de apoio à criação do PSD, em junho.
Então chefe de gabinete do subprefeito da Freguesia, Roberto Rodrigues saiu da administração municipal depois que entregou a um repórter da Folha uma ficha de apoio à fundação do partido do prefeito.
Na ocasião, Kassab trabalhava para conseguir cerca de 490 mil assinaturas de eleitores favoráveis à criação do PSD para cumprir exigência da Justiça Eleitoral e fundar seu partido.
Após receber a ficha das mãos de Rodrigues, o repórter assinou o documento dentro do gabinete do subprefeito, que estava no órgão.
O servidor foi exonerado "a pedido" após a reportagem informar o fato à prefeitura.
Na ocasião, o prefeito condenou a atitude do funcionário. "É inadmissível que nós tenhamos uma vinculação das atividades públicas com o partido", disse.
Rodrigues foi recontratado no último dia 4. Chefiará o gabinete do subprefeito do Ipiranga. A reportagem tomou conhecimento da nomeação pelo Folhaleaks, canal criado pela Folha para receber informações e documentos.

INVESTIGAÇÃO
Procurada, a Coordenadoria das Subprefeituras informou que a Corregedoria-Geral do município investigou o caso e não viu indícios de uso da máquina pública.
"Como as apurações da corregedoria não identificaram uso partidário da máquina pública, (...) ele foi reconduzido", justificou o órgão. "O funcionário sempre primou pela competência no desempenho das funções que lhe foram confiadas."
A apuração da prefeitura começou em junho e foi arquivada dois meses depois.
No relatório que determinou o fim da investigação, a corregedoria alega que "a existência de uma lista de apoio ao partido no gabinete de uma subprefeitura não caracteriza, por si só, o uso do órgão para fins partidários".
A corregedoria não ouviu Roberto Rodrigues nem o repórter da Folha que flagrou a coleta de assinaturas na subprefeitura. Não havia "uma lista", mas um bloco com dezenas de fichas para serem preenchidas.
A reportagem questionou a Coordenadoria das Subprefeituras sobre os métodos de investigação da corregedoria, mas a nota enviada pela assessoria não respondeu a esta pergunta.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou a criação do PSD em setembro.

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