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Marta afirma que Lula errou, mas promete apoiar Haddad em 2012

Senadora diz que PT terá que 'trabalhar para burro' se quiser eleger o ministro em São Paulo

De acordo com petista, ex-presidente impôs sua vontade ao partido: 'Ninguém tinha tido essa ideia brilhante'

Joel Silva/Folhapress
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), que desistiu de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012, concede entrevista em seu escritório no Itaim Bibi
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), que desistiu de concorrer à Prefeitura de São Paulo em 2012, concede entrevista em seu escritório no Itaim Bibi

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Excluída pelo PT da corrida à Prefeitura de São Paulo em 2012, a senadora Marta Suplicy afirmou ontem que a escolha do ministro Fernando Haddad (Educação) foi "um erro" do ex-presidente Lula.
Ela se disse "frustrada", mas prometeu guardar os sentimentos "no armário" para apoiar o pré-candidato do partido, que ganhou a chapa sem ter que disputar prévias.
"Foi um erro ser assim. Agora vamos nos empenhar muito para que se transforme num acerto", disse à Folha.
Marta afirmou que o lançamento do ministro, inexperiente em eleições, deve-se apenas à vontade de Lula. E sugeriu que a presidente Dilma Rousseff se viu forçada a obedecer ao padrinho.
"Foi uma decisão do Lula. Ninguém tinha tido essa ideia brilhante", disse a ex-prefeita, em tom de ironia.
Ela se mostrou contrariada com a versão, difundida por integrantes do governo, de que teria pedido a Dilma que encenasse um apelo para justificar sua desistência.
"Foi um apelo dela. Não sei se de coração ou seguindo algo combinado com o Lula."
Marta afirmou que o PT precisará "trabalhar para burro" para eleger Haddad e disse não arrepender da declaração, dada em agosto, de que Lula só insistiria no ministro se quisesse perder.
"Era o meu diagnóstico naquele momento. Para ser invertido? Vamos ter que trabalhar para burro", afirmou.
"Vai depender bastante da militância do PT e do próprio desempenho dele. Vamos ter que nos esforçar muito."
A senadora demonstrou sentir-se traída pelos petistas que sustentavam sua pré-candidatura no partido.
O grupo era comandado pelos deputados federais Cândido Vaccarezza e José Mentor e pelo deputado estadual João Antônio.
Às vésperas do anúncio da desistência, eles diziam que Marta tinha se isolado e não atendia as ligações.
Ao comentar o episódio, ela sugeriu que os três pretendiam negociar uma eventual desistência em seu nome.
"Eu estava dialogando com a presidente, não com eles. Eles queriam muito ser intermediários, e eu não precisava disso. Eles ficaram ofendidos porque não foram intermediários", afirmou.

PREOCUPAÇÃO
A mágoa de Marta é a grande preocupação de Haddad e da cúpula petista, que dependem de sua participação para impulsionar a campanha -especialmente na periferia, onde ela é mais popular.
Ao anunciar sua saída do páreo, a senadora evitou declarar apoio ao ministro. Na noite de quarta-feira, ele foi ao apartamento dela em Brasília para pedir ajuda.
"Ele me pediu apoio, e eu disse que ia cooperar e me engajar na campanha", contou a ex-prefeita.
O relato de Marta evidencia a desconfiança de Haddad. "Ele falou: 'Mas você vai me ajudar?' Eu falei: 'Vou. Pode contar'. Vamos fazer uma programação e eu vou me engajar na campanha."
Ontem, questionada sobre as bases do apoio, ela disse que "não ficou acertado nada". "Estou a serviço. Eles vão avaliar onde eu posso ajudar. Não posso esquecer que também tenho meu trabalho como senadora, que é árduo."
Sobre a insatisfação com o PT, disse: "Já virei a página. Eu queria ser candidata, fiquei frustrada por não ser. Agora coloquei a frustração no armário e vou trabalhar. Não vou ficar emburrada".
A aliados, Haddad disse ter ficado aliviado com a promessa de apoio, mesmo que sem empolgação. A cúpula do PT promove ato amanhã para homologar sua escolha como pré-candidato a prefeito.

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