Barbiere negocia com promotor entrega de colegas na Assembleia

O deputado estadual Roque Barbiere (PTB-SP), que denunciou a suposta venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, disse ao Ministério Público ter uma testemunha disposta a apontar o envolvimento direto de ao menos quatro deputados no esquema.
No depoimento, ao qual a Folha teve acesso, o deputado "se dispõe a apresentar uma testemunha que pode esclarecer fatos e situações que comprometem pelo menos quatro deputados diretamente envolvidos com a prática de negociação ilícita de emendas no curso do ano passado".
Barbiere, que depôs ao promotor Carlos Cardoso no último dia 10, exigiu, no entanto, que a Promotoria garanta a ele o sigilo da testemunha antes de revelar a identidade dela.
O deputado deu início a uma crise ao dizer, em agosto, que até 30% de seus colegas negociavam suas emendas ao Orçamento, mas jamais apontou nomes de forma clara.
Em 12 de outubro, ele disse à Folha que daria ao promotor até nove nomes. Ontem, ele disse que "vai chegar a esse número" e que quatro foi apenas uma quantidade "mínima".
O promotor Cardoso disse lamentar que Barbiere não tenha dado nomes, mas afirmou que pode procurá-lo novamente.
Cardoso afirmou que analisa o pedido de sigilo da testemunha do petebista. "Não é tão simples. Eu posso garantir isso no inquérito, mas o Judiciário pode trazer à tona depois. Não posso assumir compromisso e depois deixar a pessoa ao relento", disse.
O promotor também vai ouvir a líder comunitária Terezinha Barbosa, que disse ter sido convidada por três deputados a integrar um esquema com emendas.
Em seu depoimento, Barbiere disse ao promotor que, quando o deputado estadual envia muitas emendas para onde não teve votos, "é bem provável que esteja promovendo algum tipo de negociação ilícita".
Ele já havia levantado essa suspeita antes.
O petebista comentou também reportagens da imprensa sobre emendas de coleas.
Sobre a ex-deputada Patrícia Lima (PR) ter destinado, conforme revelou a Folha, emenda que financiou compra superfaturada em um hospital, Barbiere disse que "a seu juízo, tudo leva a crer que houve malversação de dinheiro público, se não dela diretamente, pelo menos na destinação desses recursos". Lima disse desconhecer irregularidades.
O deputado também disse que "têm a aparência de verdadeiros" os fatos envolvendo o ex-deputado José Bruno (DEM), investigado pelo governo por suspeita de comércio de emendas. Bruno também nega irregularidades.