São Paulo, sábado, 01 de janeiro de 2011

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EDITORIAL

Desafios da presidente

A presidente Dilma Rousseff assume hoje o governo de um país promissor, que pode alimentar com realismo a ambição de se tornar nas próximas décadas uma nação rica e socialmente justa.
Contribuir de maneira decisiva para esse triunfo histórico é o grande repto que se apresenta à nova mandatária. Não bastará, para tanto, dar continuidade às políticas de seu antecessor.
Se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva beneficiou-se da consolidação dos alicerces da democracia e da estabilidade econômica, sua sucessora terá de destacar-se da etapa que se conclui e lançar as bases de novo ciclo de conquistas.
Na área econômica é hora de reduzir o chamado custo Brasil, trazer a taxa de juros a patamares compatíveis com os de nações desenvolvidas e aumentar a capacidade pública e privada de investir. São indispensáveis reformas para disciplinar o caos tributário, eliminar obstáculos burocráticos e facilitar a vida das empresas.
É inadiável o esforço para reduzir a parcela do PIB consumida pelo Estado e elevar o padrão de eficiência do funcionalismo, por meio de mecanismos de cobrança e premiação por mérito.
Portos, ferrovias, rodovias e aeroportos precisam ser ampliados e modernizados. É preciso que o poder público faça a sua parte e convoque a iniciativa privada para atuar em parcerias.
Na política industrial, a pesquisa inovadora e os setores de alta tecnologia esperam por estímulos. O país não pode se contentar em ser apenas fornecedor mundial de produtos primários.
Na saúde, em vez de insuflar apelos por aumento de tributos, a presidente deve trabalhar para obter ganhos com o aperfeiçoamento da gestão. Fonte de problemas endêmicos, a precariedade do saneamento básico é inaceitável. Basta dizer que um terço da população não tem acesso a nenhuma forma de coleta de esgotos.
É na educação, contudo, em que pesem as melhorias pregressas, que mais se precisa avançar. O conhecimento é a principal ferramenta de redução de desigualdades. Dados recentes indicam que apenas 43% dos engajados no mercado de trabalho concluíram o ensino médio. E somente 11% têm diploma de nível superior. Cerca de 15% dos jovens de 15 a 17 estão fora da escola, que oferece ensino ruim, como provam as notas de jovens brasileiros em testes internacionais.
A presidente Dilma Rousseff deveria assumir metas como a garantia de que antes de 2014 todas as crianças sejam alfabetizadas até a idade de 8 anos. É preciso levar à escola todos os que têm entre 4 e 17 anos e responder à demanda por creches. Cabe ainda ao governo federal liderar um movimento de reciclagem do professorado e de melhoria de sua péssima situação salarial.
Por fim, mas não menos importante, é imperioso que o novo governo recupere o tempo perdido numa área em que o presidente Lula definitivamente falhou -a do combate à corrupção, aos maus costumes políticos e ao aparelhamento da máquina estatal. Já é tempo de promover uma regeneração ética e republicana da esfera pública.


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