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ANÁLISE
Falta substância ao discurso econômico dos candidatos
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
Os dois candidatos que lideram a corrida presidencial
continuam escondendo o jogo quando o assunto é economia. Cada um falou ontem
por mais de meia hora sobre
os problemas que o país precisa enfrentar para continuar
crescendo, mas nenhum dos
dois expôs com clareza o que
planeja fazer para corrigi-los.
Numa entrevista na saída
do fórum da revista "Exame", a petista Dilma Rousseff
sugeriu que acha preciso aumentar a idade mínima de
aposentadoria do país. Muitos especialistas acham a medida necessária para evitar a
ruína da Previdência Social,
mas defendê-la numa campanha eleitoral pode ser um
ato suicida. Assim que percebeu o que havia dito, a candidata recuou e desconversou.
O tucano José Serra apontou mais uma vez o dedo para
os juros altos e o câmbio valorizado como barreiras que
travam a realização de investimentos no país. Mas ele não
disse uma palavra sobre o
que exatamente pretende fazer para reduzir os gastos do
governo federal e criar o espaço necessário para mexer
nas outras duas pernas da
política econômica em vigor.
Dilma reconheceu que o
país carece de fontes de financiamento para investimentos e disse que será preciso "confiar" mais no mercado de capitais, e não apenas nos cofres do BNDES. É
uma música que os banqueiros adoram ouvir, mas faltou
dizer o que ela fará para tornar o mercado tão atraente
para as empresas quanto os
juros camaradas do BNDES.
Serra lembrou que as concessões de algumas das principais usinas hidrelétricas do
país estão prestes a vencer,
sem que se saiba o que vai
acontecer com elas. Quem
ouviu o candidato ficou sem
saber se ele é a favor de renovar as concessões ou prefere
organizar leilões em que essas usinas poderiam ser oferecidas a novos investidores.
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