São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Promotoria vê fraudes em contratos em Dourados

Ministério Público afirma que empresas pagavam para obter reajustes

Denúncia afirma que uma das contratadas encontrou na cidade um "nicho propício para seu enriquecimento"

RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ

Com um suposto esquema de propinas, a Prefeitura de Dourados (250 km de Campo Grande) direcionou contratação de transportes, coleta de lixo urbano, operações tapa-buracos nas ruas e até mesmo a compra de armas e serviços de treinamento em tiro, segundo a Promotoria.
Denúncia do Ministério Público Estadual, obtida pela Folha, diz que a empreiteira Financial Construtora Industrial Ltda. pagou propina de ao menos R$ 115 mil para obter reajuste em um contrato de coleta de lixo e limpeza pública e a prorrogação do serviço, com dispensa de licitação, por duas vezes.
Além da quantia ilegal, a Promotoria diz que a empresa teve de pagar um valor adicional para custear um advogado para o vice-prefeito Carlos Roberto de Assis Bernardes (PR) se defender em uma ação penal por suspeita de corrupção.
Bernardes e o prefeito Ari Artuzi (sem partido) estão presos há quase um mês sob suspeita de participação em suposta quadrilha na cidade, segundo a Polícia Federal.
A empresa encontrou em Dourados, diz a denúncia, um "nicho propício para seu [da Financial] enriquecimento". O dono, Antônio Fernando de Araújo Garcia, foi denunciado por suspeita de envolvimento no esquema.
"Demonstrou estar habituado à prática de atos de corrupção, possuindo inclusive um esquema de desvio de dinheiro diretamente de carros-forte, para dificultar o rastreamento de valores", diz a Promotoria, ao especificar a atuação do empreiteiro.
A denúncia cita também o direcionamento de contratos para serviços de processamento de dados, compra de armas e treinamento de tiro para a Guarda Civil -caso em que, diz a denúncia, a propina incluiu um equipamento para escutas telefônicas clandestinas.
Já a CGR Engenharia Ltda., diz a denúncia, maquiava o pagamento de propina por meio de fraudes na medição de obras, segundo conversas gravadas, com autorização judicial, pelo secretário Eleandro Passaia -infiltrado da Polícia Federal.
Única responsável pelo transporte coletivo da cidade desde 2004, a Medianeira Dourados Transportes Ltda. se valeu, segundo a Promotoria, do esquema de propinas para "obter a renovação do seu contrato de concessão".
Sem especificar valores, a denúncia do Ministério Público diz que a investigação identificou ao menos 18 pagamentos feitos pela empresa ao prefeito.


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Outro lado: Defesa do vice diz que ainda analisa o caso
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.