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Promotoria vê fraudes em contratos em Dourados
Ministério Público afirma que empresas pagavam para obter reajustes
Denúncia afirma que uma das contratadas encontrou na cidade um "nicho propício para seu enriquecimento"
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Com um suposto esquema
de propinas, a Prefeitura de
Dourados (250 km de Campo
Grande) direcionou contratação de transportes, coleta de
lixo urbano, operações tapa-buracos nas ruas e até mesmo a compra de armas e serviços de treinamento em tiro,
segundo a Promotoria.
Denúncia do Ministério
Público Estadual, obtida pela Folha, diz que a empreiteira Financial Construtora Industrial Ltda. pagou propina
de ao menos R$ 115 mil para
obter reajuste em um contrato de coleta de lixo e limpeza
pública e a prorrogação do
serviço, com dispensa de licitação, por duas vezes.
Além da quantia ilegal, a
Promotoria diz que a empresa teve de pagar um valor
adicional para custear um
advogado para o vice-prefeito Carlos Roberto de Assis
Bernardes (PR) se defender
em uma ação penal por suspeita de corrupção.
Bernardes e o prefeito Ari
Artuzi (sem partido) estão
presos há quase um mês sob
suspeita de participação em
suposta quadrilha na cidade,
segundo a Polícia Federal.
A empresa encontrou em
Dourados, diz a denúncia,
um "nicho propício para seu
[da Financial] enriquecimento". O dono, Antônio Fernando de Araújo Garcia, foi denunciado por suspeita de envolvimento no esquema.
"Demonstrou estar habituado à prática de atos de
corrupção, possuindo inclusive um esquema de desvio
de dinheiro diretamente de
carros-forte, para dificultar o
rastreamento de valores", diz
a Promotoria, ao especificar
a atuação do empreiteiro.
A denúncia cita também o
direcionamento de contratos
para serviços de processamento de dados, compra de
armas e treinamento de tiro
para a Guarda Civil -caso
em que, diz a denúncia, a
propina incluiu um equipamento para escutas telefônicas clandestinas.
Já a CGR Engenharia Ltda.,
diz a denúncia, maquiava o
pagamento de propina por
meio de fraudes na medição
de obras, segundo conversas
gravadas, com autorização
judicial, pelo secretário
Eleandro Passaia -infiltrado
da Polícia Federal.
Única responsável pelo
transporte coletivo da cidade
desde 2004, a Medianeira
Dourados Transportes Ltda.
se valeu, segundo a Promotoria, do esquema de propinas
para "obter a renovação do
seu contrato de concessão".
Sem especificar valores, a
denúncia do Ministério Público diz que a investigação
identificou ao menos 18 pagamentos feitos pela empresa ao prefeito.
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