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Conflito agrário provoca mortes no Pará
Comissão Pastoral da Terra e Secretaria da Segurança Pública divergem com relação ao número de assassinados
Segundo a CPT, todas as 13 mortes ocorreram em virtude de briga entre os assentados de projeto que reúne 750 famílias
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BELÉM
Um conflito em um assentamento da reforma agrária
rico em madeira deixou 13
mortos em Pacajá (PA), segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário
da Igreja Católica.
A CPT não soube dizer os
nomes dos mortos, onde estão seus corpos nem como
eles foram assassinados.
A Secretaria da Segurança
Pública do Estado não confirma e diz que ocorreram três
assassinatos. Um policial da
cidade afirmou à Folha que
foram oito as pessoas mortas.
Segundo a CPT, todas as 13
mortes ocorreram devido a
uma briga entre os assentados entre os dias 17 e 19 deste
mês, no projeto Cururuí, a 40
km do centro urbano de Pacajá, dentro da floresta.
O lugar, com 750 famílias,
só pode ser acessado por estradas de terra. A cidade fica
a 598 km de Belém.
Em nota, a comissão chamou as mortes de "chacina"
e disse que a causa do conflito "são os interesses de madeireiras" que corrompem os
trabalhadores rurais. A Secretaria da Segurança também afirma que o motivo da
briga é uma disputa por madeira entre os assentados.
Mas Francisco Ferreira de
Carvalho, da coordenação da
Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Pará,
diz que o conflito é entre os
assentados e os madeireiros
invasores. Ele afirma que um
grupo de políticos de Tucuruí
e Pacajá participam das invasões, investindo dinheiro para tirar a madeira da área.
Dois madeireiros que haviam ajudado os assentados
a conseguir uma autorização
do governo estadual para a
retirada legal de madeira
também foram mortos, disse.
Ele afirmou ainda que as 13
mortes ocorreram ao longo
dos últimos cinco meses.
Edson Luiz Bonetti, ouvidor do Incra, disse que houve
três mortes e que lá há "exploração sem controle". Ele
disse que há conflitos tanto
entre madeireiros e assentados quanto entre assentados.
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