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Fraude em Dourados é maior, diz prefeita
Irregularidades aumentam a cada auditoria; em setembro, PF prendeu o antigo prefeito
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
Empossada há 24 dias, a
nova prefeita de Dourados
(250 km de Campo Grande),
Délia Godoy Razuk (PMDB),
54, afirma que a lista de irregularidades encontradas na
administração aumenta a cada nova auditoria realizada.
Por isso, diz ela, administrar a cidade nestas condições é conviver com uma rotina de "surpresas e situações inusitadas".
Dourados ficou sem comando após a Polícia Federal
prender, em setembro, todo o
comando da cidade -o prefeito Ari Artuzi (sem partido),
seu vice e toda a Mesa Diretora da Câmara Municipal.
Investigação da PF aponta
um suposto esquema que
desviava recursos de contratos firmados pela prefeitura.
"Estamos fazendo uma radiografia geral na cidade, e,
todos os dias, recebo levantamentos mostrando irregularidades", disse Délia, em entrevista por e-mail.
Délia foi a única, dentre os
12 vereadores da Casa, a não
ser denunciada pelo Ministério Público por suspeita de
envolvimento no suposto esquema que, segundo a PF,
fraudava licitações e desviava verbas públicas.
Entre as "situações inusitadas", Délia cita uma injustificada compra de mais de
cem liquidificadores pela Secretaria de Saúde. Os aparelhos, que estão há quase dois
anos sem uso no almoxarifado do órgão, foram adquiridos com recursos do Fundo
de Desenvolvimento da Educação Básica.
Outro levantamento apontou que Artuzi usava a prefeitura como sede de reuniões
nas quais fazia campanha
política para aliados.
Segundo ela, os encontros
eram realizados todas as manhãs e reuniam de 20 a 40
pessoas sob a justificativa de
"apresentação de balanço
administrativo". "Na verdade, era para pedir votos aos
candidatos do ex-prefeito."
Artuzi está preso desde o
dia 1º de setembro sob suspeita de chefiar o suposto esquema de fraudes.
Antes de Délia assumir,
Dourados ficou 34 dias sob
comando interino do juiz
Eduardo Machado Rocha, diretor do fórum da cidade.
Ao sair, Rocha admitiu que
poderia concorrer ao cargo,
"se a politicagem voltar à
prefeitura". Questionada,
Délia disse não ver pressão
alguma na declaração.
"A análise do juiz se deu
num momento em que era
exatamente essa a situação,
a politicagem havia tomado
conta e extrapolado nas
ações administrativas."
Campeã de votos para a
Câmara Municipal em 2008
-com 3.426 votos-, a nova
prefeita diz que está preparada para a eventualidade de
concorrer à prefeitura.
FEIJÃO COM ARROZ
Atualmente, porém, ela
diz estar mais preocupada
com a falta de dinheiro em
caixa até o final do ano. Segundo Délia, existe "apenas
o suficiente para atender o
funcionamento da Saúde e
concluir o ano letivo".
Sobre sua inexperiência
no Executivo, a prefeita disse
acreditar que o fato não será
um "complicador". "A mulher já administra o lar, a família e o dia a dia em geral.
No Executivo, quero aplicar o
mesmo feijão com arroz que
aprendi na vida."
Procurado pela Folha, o
advogado Carlos Marques,
que representa Artuzi, não
respondeu aos recados. Em
entrevistas anteriores, ele negou que Artuzi esteja ligado
ao suposto esquema.
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