São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2011

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Economistas criticam BC e preveem inflação maior

Para especialistas, país corre o risco de ter crescimento fraco com preços altos

Redução nos juros é elogiada pela indústria e pelo comércio, mas bancos acham que medida do BC é precoce

MARIANA SCHREIBER
ÉRICA FRAGA
DE SÃO PAULO

Após a redução dos juros básicos da economia para 12%, economistas já esperam taxas menores, mas inflação mais elevada em 2011 e 2012.
Apesar de a nova posição do BC colocar em xeque o controle dos preços, eles veem sinais de que haverá novas reduções neste ano, para até 11%.
A MB Associados subiu a projeção da inflação do próximo ano de 5,3% para 5,7%. Outras instituições financeiras, como Nomura, Máxima e Opus Gestão, estão revisando seus números. O economista-chefe da Máxima, Elson Teles, diz que o BC assumiu o risco da inflação alta, o que dificultará a tarefa de reduzi-la à frente, já que a economia é muito indexada (diversos preços são corrigidos pela inflação).
O receio é que a autoridade caia na armadilha do crescimento baixo com inflação.
O economista José Marcio Camargo, da Opus, diz que o corte no juro não será suficiente para melhorar o desempenho da indústria, que sofre concorrência de importados devido ao dólar fraco. As opiniões divergem daquelas de representantes do comércio e da indústria.
O economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio, Carlos Thadeu de Freitas, avalia que o corte na taxa não ameaça a inflação e que previne o país de uma piora na crise global.
O diretor da Fiesp, Paulo Francini, comemora o corte. E diz que novas quedas nos juros, somadas as desonerações para o setor, darão mais confiança aos empresários.
O BC disse que o país pode sentir o impacto da crise via queda das exportações e importações e do fluxo de investimentos. Citou ainda condições piores de crédito e queda da confiança de empresários e consumidores. Mas, até agora, esses indicadores- à exceção da confiança de empresários- mostram desempenho positivo. Os investimentos diretos no ano até julho alcançaram recorde de US$ 38,4 bilhões.
E, em agosto, os valores de exportações e importações atingiram o seu nível histórico mais alto. "Sou contrário à tese de desaceleração em curso. Basta ver os reajustes salariais nas últimas semanas", disse Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista-chefe da Quest, em debate no auditório da Folha, anteontem.
O diretor da Escola de Economia da FGV-SP, Yoshiaki Nakano, que também participou do debate, já vê evidências de desaceleração. Mas, para ele, teria sido melhor que o governo anunciasse que medidas serão tomadas para controlar os gastos antes de o BC iniciar a redução dos juros.
Em resposta à decisão do BC, a Bolsa de SP subiu ontem 2,85%. O dólar ganhou 1,5%, a R$ 1,61. E as apostas de queda nos juros no mercado subiram: a taxa esperada para janeiro de 2013 caiu de 11,12% a 10,46%.

Colaborou EPAMINONDAS NETO, de São Paulo


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