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Firma que denunciou fraude no Amapá ganha contrato
LMS Vigilância ficou com a vigilância nas escolas, mas cobra 40% a mais
A Amapá Vip, que foi denunciada, também tentou participar da licitação deste ano, mas acabou desclassificada
DIMMI AMORA
DE BRASÍLIA
Um contrato de R$ 43,6
milhões no Amapá com suspeita de superfaturamento e
pagamento de propina -que
originou a Operação Mãos
Limpas- passou das mãos
de uma empresa cujos donos
são investigados por corrupção para a companhia que
pertence ao denunciante.
Com valores mais altos e a
mesma quantidade de homens, a empresa LMS Vigilância assumiu o serviço de
segurança não armado das
escolas públicas do Estado
em agosto deste ano, dias antes da operação da PF, que levou 18 pessoas à prisão, entre
elas o governador Pedro Paulo Dias (PP) e o ex-governador Waldez Goes (PDT).
Este contrato estava com a
Amapá Vip e vinha sendo renovado de forma emergencial desde 2007, o que foi
considerado irregular pela
PF. Dos recursos públicos repassados à Amapá Vip, segundo a PF, saía o dinheiro
para pagar propina a autoridades. Uma testemunha disse que eram R$ 100 mil mensais ao secretário da pasta.
Só por este contrato, a empresa recebia R$ 2,6 milhões
ao mês (recursos federais)
para empregar 1.100 vigilantes, o que significa R$ 2.181
por trabalhador (contando 13
salários). O Amapá tem 414
escolas estaduais, o que dá
R$ 6.280 ao mês por unidade.
Esse contrato é a origem da
investigação. Em 2007, a
LMS venceu a licitação. A
Amapá Vip entrou na Justiça
alegando que ela tinha conseguido aumentar de forma
fraudulenta seu capital social para participar do processo. A LMS, que tinha capital de R$ 250 mil, comprou
precatórios de outra empresa
e assim passou seu capital
para R$ 2,5 milhões, suficiente para entrar no certame.
O então secretário da Educação, José Adauto Santos,
que veio a ser preso na Mãos
Limpas, não homologou a licitação. Segundo depoimento do dono da LMS, Luciano
Marba, a empresa se recusou
a pagar propina e por isso o
negócio não foi concretizado.
A LMS então foi à Justiça e
o seu proprietário denunciou
o esquema de corrupção, que
resultou na operação realizada no mês passado.
Quase três anos depois,
em agosto de 2010, dias antes
da operação, a Justiça havia
dado ganho de causa à LMS e
a licitação foi reaberta. A
Amapá Vip tentou entrar na
licitação, mas foi desclassificada por ter capital social
abaixo do estipulado. A LMS
ficou sozinha e venceu.
O valor do contrato, contudo, passou para R$ 3,6 milhões para mesma quantidade de homens, um reajuste
de quase 40%. Com isso, cada homem passou a custar
R$ 3.049 mil ao mês (com 13
salários). E cada escola, R$
8.695. O novo contrato tem
validade de um ano.
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