São Paulo, quinta-feira, 02 de dezembro de 2010

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"Retardatário" no apoio a Dilma, PSC leva R$ 4,7 mi do PT

Última legenda a apoiar presidente eleita, às vésperas da eleição, sigla recebeu repasse de doação partidária

FERNANDA ODILLA
FELIPE SELIGMAN

DE BRASÍLIA

O PSC, legenda que às vésperas da campanha eleitoral abandonou a candidatura de José Serra (PSDB) para aderir a da petista Dilma Rousseff, foi um dos maiores beneficiários da distribuição de recursos por parte do PT, que arrecadou R$ 130,6 milhões.
A prestação de contas petista apresentada à Justiça Eleitoral revela que o nanico PSC recebeu R$ 4,7 milhões, ficando atrás apenas da própria Dilma, do senador eleito Lindberg Farias (PT-RJ) e do governador eleito Agnelo Queiroz (PT-DF).
Osmar Dias, que também negociou com o PT a sua candidatura ao governo do Paraná até o último momento, foi contemplado com R$ 3,7 milhões, via PDT-PR.
A ajuda financeira a partidos aliados não é exclusividade do PT. Neste ano, por exemplo, o PSDB repassou R$ 1 milhão ao PTB, legenda que fez parte da coligação oficial de José Serra.
A troca de apoio político por dinheiro não é novidade nas eleições. Em 2002, o PT e o deputado Valdemar Costa Neto fecharam o apoio do PL (hoje PR) a Lula mediante repasse de R$ 10 milhões, segundo o congressista.
Ele afirmou que o compromisso havia sido firmado na presença de Lula no apartamento do então deputado Paulo Rocha (PT). Em depoimento enviado ao Supremo Tribunal Federal, o presidente confirmou que participou da reunião, mas negou ter sido informado do pagamento.

PARANÁ
"É um apoio muito normal a um aliado do PT que estava apoiando Dilma", afirmou o senador Osmar Dias, ponderando que a ajuda financeira está declarada na prestação de contas.
Sobre a demora do apoio do PDT a Dilma, Dias justificou: "Eu tinha preferência por sair ao Senado e o PT tinha muito interesse na minha candidatura ao governo. Por isso demorou, não que eu estivesse interessado em apoiar outra candidatura".
O pastor Everaldo, vice-presidente do PSC, afirmou que a negociação com o PT "foi política". "Não tivemos nenhum entendimento referente isso [repasses]. A gente passou longe disso."
Segundo ele, a composição de palanques regionais pesou na decisão de aderir à campanha. Sobre a ajuda de R$ 4,7 milhões (30% do total da arrecadação do PSC), disse que "foi o tesoureiro do partido que correu atrás".
O PT não se manifestou até a conclusão desta edição.

DÍVIDA DE CAMPANHA
Cotado para assumir o Ministério da Agricultura, o senador eleito Blairo Maggi (PR-MT) colaborou com mais de um R$ 1 milhão para ajudar a saldar as dívidas da campanha de Dilma.
A maior doação foi feita pela Amaggi Exportação e Importação Ltda, da família de Maggi, com R$ 700 mil repassados na quinta-feira passada.
No dia seguinte, a Agropecuária Maggi Ltda doou mais R$ 300 mil. Maggi, como pessoa física, repassou R$ 2.700, antes do segundo turno.
"Foi um pedido do PT", disse Maggi, confirmando ter sido sondado para a Agricultura. "Falei com Dilma que nesse cargo eu mais atrapalho que ajudo. Tenho negócios relacionados ao setor."


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