São Paulo, quinta-feira, 03 de junho de 2010

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ANÁLISE

Episódio no PT revela poder atrofiado de Pimentel na cúpula da campanha

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

O episódio do suposto "dossiê anti-Serra", aquele que foi sem nunca ter sido, serviu para tornar um pouco mais claras as funções e os poderes de cada um na cúpula da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT).
Havia um consenso geral até o início de março sobre a empreitada petista estar sob o comando de três agentes políticos: José Eduardo Dutra, presidente do PT, Antonio Palocci, deputado federal (PT-SP), e Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo de Dilma.
Com a eclosão do suposto dossiê anti-Serra, está claro que só dois mandam: Dutra e Palocci. Já Pimentel continua sendo o amigo da candidata. Não é pouca coisa. O mineiro participa de reuniões, tem acesso a todas as instâncias da campanha, mas sua posição está desidratada do ponto de vista operacional.
Esse encolhimento de poder ficou evidente agora, mas não se deu por causa do suposto dossiê. É que agora foi possível observar quem atua para debelar um problema interno na campanha.
Dutra e Palocci foram os protagonistas nos últimos dias. Articularam nos bastidores. Até ontem o resultado era positivo no controle de possíveis danos à candidatura. Pimentel se recolheu.
Desde o ano passado, a presença do mineiro no comando dilmista ocorreu de maneira inorgânica. O então presidente do PT era o deputado Ricardo Berzoini, cuja relação estava desgastada na legenda. Palocci não estava plenamente incorporado.
Havia um certo vácuo no entorno de Dilma a respeito de estratégias eleitorais no final de 2009. Suas relações de confiança no PT não eram fartas. Até dez anos atrás, ela havia sido filiada ao PDT.
Nesse cenário, cresceu o papel do amigo Pimentel. Ele passou a tratar de assuntos de agenda, táticas de campanha e até montagem da estrutura de comunicação.
Quando em fevereiro Dutra assumiu a presidência do PT, várias funções operacionais de Pimentel migraram para a estrutura partidária.
A atrofia de seu poder cristalizou-se com a ascensão de Palocci. Enquanto o ex-ministro tem canal direto com Lula, o ex-prefeito raramente é recebido pelo presidente.


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