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ANÁLISE
Episódio no PT revela poder atrofiado de Pimentel na cúpula da campanha
FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
O episódio do suposto
"dossiê anti-Serra", aquele
que foi sem nunca ter sido,
serviu para tornar um pouco
mais claras as funções e os
poderes de cada um na cúpula da campanha presidencial
de Dilma Rousseff (PT).
Havia um consenso geral
até o início de março sobre a
empreitada petista estar sob
o comando de três agentes
políticos: José Eduardo Dutra, presidente do PT, Antonio Palocci, deputado federal
(PT-SP), e Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte e amigo de Dilma.
Com a eclosão do suposto
dossiê anti-Serra, está claro
que só dois mandam: Dutra e
Palocci. Já Pimentel continua
sendo o amigo da candidata.
Não é pouca coisa. O mineiro
participa de reuniões, tem
acesso a todas as instâncias
da campanha, mas sua posição está desidratada do ponto de vista operacional.
Esse encolhimento de poder ficou evidente agora, mas
não se deu por causa do suposto dossiê. É que agora foi
possível observar quem atua
para debelar um problema
interno na campanha.
Dutra e Palocci foram os
protagonistas nos últimos
dias. Articularam nos bastidores. Até ontem o resultado
era positivo no controle de
possíveis danos à candidatura. Pimentel se recolheu.
Desde o ano passado, a
presença do mineiro no comando dilmista ocorreu de
maneira inorgânica. O então
presidente do PT era o deputado Ricardo Berzoini, cuja
relação estava desgastada na
legenda. Palocci não estava
plenamente incorporado.
Havia um certo vácuo no
entorno de Dilma a respeito
de estratégias eleitorais no final de 2009. Suas relações de
confiança no PT não eram
fartas. Até dez anos atrás, ela
havia sido filiada ao PDT.
Nesse cenário, cresceu o
papel do amigo Pimentel. Ele
passou a tratar de assuntos
de agenda, táticas de campanha e até montagem da estrutura de comunicação.
Quando em fevereiro Dutra assumiu a presidência do
PT, várias funções operacionais de Pimentel migraram
para a estrutura partidária.
A atrofia de seu poder cristalizou-se com a ascensão de
Palocci. Enquanto o ex-ministro tem canal direto com
Lula, o ex-prefeito raramente
é recebido pelo presidente.
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