|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Marina busca "sair maior" para tentar de novo em 2014
Candidata verde projeta 15 milhões de votos hoje, afirma que vai presidir ONG e sonha concorrer novamente, com mais chances
BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO
As pesquisas lhe davam
chances remotas de ir ao segundo turno, mas ela subia a
escada radiante, cantarolando o próprio jingle, como se
estivesse prestes a receber a
faixa presidencial.
A dois dias da eleição, Marina Silva era só entusiasmo
ao chegar a seu comitê eleitoral anteontem à tarde, após
um debate que invadiu a madrugada, uma ponte-aérea,
três entrevistas e um tumultuado corpo a corpo debaixo
de chuva no viaduto do Chá.
Aos 52 anos, a candidata
do PV ao Planalto quer dar
hoje novo significado a um
antigo clichê do vocabulário
político: perder nas urnas,
mas sair maior da eleição. Ou
"perder ganhando", na versão reciclada do "marinês".
Marina ficará em terceiro
lugar com mais de 15 milhões
de votos, segundo projeções.
Neste caso, deixa a disputa
com dois desafios: manter a
agenda ambientalista em alta e pavimentar o caminho
para tentar de novo em 2014.
"Ainda que não vá ao segundo turno, ela sai conhecida nacionalmente e com um
capital político extraordinário. Temos um projeto, e este
projeto não tem data", diz o
aliado Luciano Zica.
A senadora aposta no "recall" para atrair outras legendas e iniciar a próxima campanha com mais tempo de
TV e sem o rótulo de azarã.
Depois de 16 anos entre o
Senado e o Ministério do
Meio Ambiente, Marina terá
que entregar as chaves do
apartamento funcional em
Brasília. Deve se mudar de
vez para São Paulo, onde fincou base durante a eleição.
Ela diz que voltará a dar
aulas de história, mas já
monta estrutura para se
manter na mídia. Após a eleição, vai assinar artigos e dar
palestras como presidente do
IDS (Instituto Democracia e
Sustentabilidade), criado há
um ano com ajuda financeira
do vice, Guilherme Leal.
A ONG deve emular o Instituto Cidadania, inventado
para dar cargo, salário e escritório ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva depois
da derrota de 1989.
A médio prazo, os aliados
mais próximos, que entraram no PV com a senadora,
querem alçá-la à presidência
do partido. O posto é ocupado há 11 anos pelo vereador
paulistano José Luiz Penna,
próximo do PSDB.
Além de adubar a sigla
verde nos próximos quatro
anos, Marina terá que cultivar a aliança com os empresários ecoengajados que sustentaram sua candidatura.
Sabe que também depende
deles para continuar sonhando com a Presidência.
"Este movimento precisa
ter continuidade, mesmo
que não seja do Planalto. E
terá", promete Leal.
Texto Anterior: Isto é Serra Próximo Texto: Raio-X: Marina Silva, 52 Índice | Comunicar Erros
|