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Dilma inflou dados, e Serra fez promessas complicadas
Marina foi vaga em suas propostas,
como na mudança na Previdência
Petista errou dados sobre vários temas, enquanto tucano fez promessas que são difíceis de cumprir
GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA
Ao fim de três meses de
campanha eleitoral, Dilma
Rousseff foi quem mais inflou números e feitos, José
Serra fez as promessas mais
extravagantes e Marina Silva
se escudou nas bandeiras
mais abstratas.
Os três principais candidatos ao Palácio do Planalto
não apresentaram grande diversidade programática
-em linhas gerais, os diagnósticos do presente e prioridades para o futuro são semelhantes. As nuances de retórica se explicam por diferentes estratégias, estilos e
circunstâncias.
Especialmente no início
da disputa, quando ainda
não havia assumido a liderança nas pesquisas, Dilma
amparou seu discurso na
comparação entre os resultados dos governos FHC e Lula.
Não bastava, porém, apresentar indicadores melhores:
era preciso estabelecer desastres tucanos seguidos de
redenções petistas.
"O Brasil investia menos
de R$ 300 milhões no Brasil
inteiro [em saneamento]. Hoje, aqui no Rio, na Rocinha,
nós investimos mais de R$
270 milhões", disse em agosto. Não se sabe até hoje como
foram produzidos tais valores, mas os desmentidos não
impediram novas cifras grandiloquentes, inclusive sobre
saneamento.
Além de alimentar as paixões dos militantes, contrastes do gênero servem como
antídoto para a percepção de
que, no poder, o PT abandonou as teses dos tempos de
oposição e deu continuidade
à agenda econômica e social
introduzida pelo PSDB.
Serra inaugurou sua campanha com uma descrição
ainda mais ampla da continuidade: o processo, argumentava, compreendia toda
a redemocratização do país,
da Constituição de 1988 ao
Bolsa Família, do Sistema
Único de Saúde à Lei de Responsabilidade Fiscal.
Tratava-se de diluir em 25
anos os méritos pelo desempenho inegavelmente melhor do país nos últimos oito
-quando, com a ajuda de fatores como a transformação
demográfica e o cenário internacional, o crescimento
econômico foi acelerado, a
inflação se manteve sob controle e a pobreza foi reduzida.
Depois que o pacifismo
não evitou sua queda para o
segundo lugar nas pesquisas, o tucano adotou uma estratégia mais agressiva de
promessas. Não apenas duplicar o alcance do Bolsa Família, como conceder um 13º
pagamento do benefício; salário mínimo de R$ 600 e reajuste de 10% para as aposentadorias de maior valor.
Marina preferiu princípios
vagos mesmo em propostas
grandiosas, como a adoção
do regime de capitalização
na Previdência, em que cada
segurado poupa para sua
própria aposentadoria -e
não se sabe como será financiado o benefício de quem já
está aposentado.
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